Há cinco meses que começou a gravar a novela Rosa Fogo (SIC). Interpretar um Diogo Montez tão dissimulado e mau carácter é desgastante? Tem sido, antes, muito desafiante no sentido da relação que tenho com as outras personagens da novela. O Rogério Samora obriga-me a uma postura muito diferente da que tenho com Cláudia Vieira, com Ângelo Rodrigues, Andreia Dinis ou Sandra Barata Belo, por exemplo. São várias maneiras e posturas que tenho de assumir, diariamente. Todas elas acabam por não ser verdadeiras e isso é confuso na mentalidade humana.
Como é que gere isso? É muito confuso. Uma pessoa chega a casa ao final de um dia de trabalho e, se calhar, pergunta-se quem é. É um pouco difícil. Mas compreendo muito esta personagem porque acredito que há muita gente assim.
A sua personagem é uma espécie de homem com cara de anjinho e alma de diabinho. É difícil gerir este equilíbrio? Tenho-me preocupado com isso. Com o facto de se assumir que se tem uma certa imagem, de tantas vezes que se ouve isso, e associar essa imagem à personalidade da personagem. E este Diogo joga com a sua beleza. É uma arma. É um jogo de inteligência. Mas ele acorda para a vida mais para a frente na novela, começa a dar valor a outras coisas e a perceber que este limbo em que se sente não faz bem a ninguém. Esse é o desafio. A partir de uma certa altura da escrita da Patrícia Müller, o objectivo da personagem é passar por ser "ele" e não conseguir. O Diogo está num enredo tão difícil que não há ninguém com quem ele possa desabafar.
Inspirou-se em alguém em específico para construir este vilão? Não. Existem sempre referências aqui e ali e essas estão sempre no nosso dia-a-dia. E depois, basta enfrentarmos as evidências das histórias.
Qual foi, então, o ponto de partida? Este Diogo Montez teve um passado ligado à toxicodependência. Esta era a única coisa que eu tinha escrito na sinopse que me foi entregue. A partir daí, e do que vemos, lemos e ouvimos das pessoas com quem nos relacionamos, começamos a introduzir condimentos. Mas é muito fácil entrar-se por lugares-comum.
Como tem sido trabalhar ao lado de Cláudia Vieira [Maria]. No início da novela, de resto, de uma forma bem intensa... Já conheço a Cláudia há dez anos. Nunca tinha trabalhado com ela, mas sempre tive a certeza de que ela era uma pessoa excepcional. É de uma humildade incrível. O que me fascina nela é a percepção que ela teve de tentar dissociar-se da imagem que tinha como "Cláudia Vieira-produto-Morangos com Açúcar" para uma Maria, que é uma mulher segura de si e com tudo aquilo que a palavra mulher consegue acarretar. Ela conseguiu fazer isso: conseguiu tirar a mulher dentro dela e sair de uma imagem de Cláudia Vieira que existe e que ela continua a ter, porque é bonita e é a escolha de vida dela. Mas ela teve essa percepção.
Esta novela é a prova de fogo de Cláudia? Rosa Fogo era a oportunidade que a Cláudia merecia. Acreditava que ela ia ter um desafio com esta novela e que ia querer superar as expectativas de muita gente. A Cláudia atingiu uma notoriedade e fama muito grandes. Mas nunca se viu a Cláudia a desrespeitar alguém ou a ser snobe.
E no final da novela, que termina as gravações em Fevereiro, a Maria merece ficar com o Diogo ou com o Estêvão [Ângelo Rodrigues]? Não sei (risos). Na minha opinião de actor acho que cada um devia seguir a sua vida. Ao longo da novela, vão passar-se tantas coisas que as pessoas vão cansar-se. Quando há muita confusão e zanga até é bom haver uma pausa. O sufoco que há naquele triângulo não faz bem a ninguém, mas não sei qual será o final. Ou há uma mudança radical na história, e que me faça acreditar que eles merecem ficar os dois, ou o destino será o afastamento.
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