Reportagem DN: "O Mundo ao contrário dos pivôs da manhã"

domingo, 22 de janeiro de 2012


Como é a vida dos que trabalham enquanto nós dormimos? Dar as primeiras notícias do dia é tão cansativo como compensador. Na quinta-feira, dia 12, a NTV dividiu-se em três equipas para acompanhar, em simultâneo, as rotinas, os desafios, as alegrias e os percalços de João Tomé de Carvalho na RTP, João Moleira na SIC e Ana Sofia Cardoso e Frederico Mendes Oliveira na TVI. Entre as 04.00 e as 10.00, o sono deu lugar ao lufa-lufa dos diretos.

Portugal ainda dorme quando as equipas das manhãs da informação da RTP, SIC e TVI chegam às respetivas redações. O termómetro marca apenas seis graus. Ana Sofia Cardoso, pivô que substituiu Patrícia Matos na condução do Diário da Manhã, é a primeira a chegar a Queluz de Baixo. O frio que se faz sentir leva-a a cobrir o rosto com um lenço no percurso que faz do carro até ao edifício. Passam poucos minutos das quatro da manhã. "Como estou na minha primeira semana, tenho conseguido chegar às 04.00, mas não sei se vou conseguir manter a mesma rotina nos próximos tempos. Já me disseram que não", explica, entre risos.
Apenas três garrafas de água. Ao contrário do que acontece numa redação que vive o pulsar do mundo em plena luz do dia, a secretária onde João Tomé de Carvalho se prepara para conduzir Bom Dia Portugal está vazia de tudo. Sem o típico amontoado de papéis, sem as canetas que já não escrevem nem os pacotes de bolachas prontos a enganar a fome. O pivô das manhãs informativas da RTP chega ao estúdio minutos antes da carrinha que entrega a imprensa do dia. São 04.05, uma hora e 10 minutos depois de o despertador ter acordado o jornalista das suas sete horas de sono. "Deito-me por volta das 19.00, para ver se consigo dormir pelo menos essas sete horas", explicou à Notícias TV.
De mochila às costas e gorro na cabeça, Frederico Mendes Oliveira, pivô que faz dupla com Ana Sofia Cardoso, percorre os corredores labirínticos da TVI em direção à redação. "Bom dia a todos! Dormiram bem?", pergunta, bem-disposto. Para o jornalista, já um veterano nestas andanças, começar a trabalhar quando o Sol ainda nem nasceu já não é novidade. "Diz-se que com o hábito a coisa torna-se mais fácil, mas para mim cada dia é sempre como se fosse o primeiro", atira, enquanto se senta à secretária e tira o casaco.
A cinco quilómetros dali, em Carnaxide, João Moleira chega à SIC. São 04.30. A esta hora, a estação parece um deserto. O silêncio ensurdecedor dos corredores apenas contrasta com o passo apressado do pivô daEdição da Manhã. Bem desperto e cheio de energia, entra na estação a sorrir. "A esta hora é um instantinho. Vinte minutos e chega-se cá, é uma maravilha, não há trânsito", solta o jornalista de 34 anos residente em Alverca. Assim que chega à redação, despe o casaco e o cachecol. Por baixo, trás já vestido o fato completo que irá usar em direto para dar as primeiras notícias do dia, opção partilhada por João Tomé de Carvalho na RTP. "Já venho assim de casa. Se entrasse às 14.00, não fazia sentido. Assim é muito mais fácil e prático vir vestido de casa. O tempo passa tão depressa! Era uma perda de tempo trocar de sapatos e calças. Assim, chego e pareço logo uma pessoa respeitada", brinca João Moleira, entre risos, enquanto começa a ler os jornais do dia.
Entre o silêncio e a concentração
Na TVI, o ambiente é de total concentração e o silêncio é apenas quebrado pela conversa entre os dois coordenadores da edição. José Manuel Santos está a desenhar o alinhamento e solta: "Vamos ver o que aconteceu no país e no mundo". Por esta altura já chegaram à redação as três jornalistas que completam a equipa do Diário da Manhã.
Faltam duas horas para o direto. E porque o tempo urge, todos os minutos são importantes para preparar o início do direto. É por volta das cinco da manhã que a imprensa chega à redação de Queluz de Baixo. E é nessa altura que se discutem os temas a introduzir no alinhamento. "Podemos pôr aquela notícia do JN do aumento da lista de espera para as cirurgias", comenta Sérgio Furtado.
Já na estação pública, o silêncio é de ouro. Não por ainda ser de madrugada, mas porque o pivô, os cinco jornalistas e o coordenador do Bom Dia Portugal, Hélder Antunes, estão concentrados nas suas tarefas. "O período entre as 04.30 e as 06.00 é o mais complicado porque temos de estar lúcidos a essa hora e é difícil", admite Hélder Antunes. O coordenador assiste, assim que chega ao local, a todos os blocos informativos da RTP que foram para o ar na véspera. "E vou retirando desses jornais o que pode fazer atualidade no dia. Depois, junto isto ao que ouvi nas rádios a caminho de cá e ao que a imprensa traz nas primeiras páginas, dou instruções ao pivô, chamo os jornalistas um por um para distribuir o trabalho por áreas e vamos montando assim o programa, passo a passo", adianta, perante um João Tomé de Carvalho envolto na escrita dos pivôs.
Os momentos de silêncio são também apanágio em Carnaxide e contrastam com o debate de alinhamento e as conversas triviais. Junto a João Moleira está o coordenador Paulo Nogueira e uma jornalista. O pivô lê as "gordas" do DN e as do enquanto Nogueira solta um "temos a história da TDT hoje! Daqui a pouco já temos os jornalistas a marchar para Palmela". À medida que vão chegando outros elementos da equipa, técnicos na sua maioria, João Moleira aproveita para elaborar as entrevistas que irá conduzir aos convidados daEdição da Manhã. "A primeira coisa que faço é preparar as perguntas e inseri-las no tablet. Por falar nisso, tenho que ligá-lo!", conta Moleira, enquanto o seu coordenador agrupa as notícias e temáticas mais importantes do dia na Web, nas agências noticiosas e na agenda da SIC.
Deitar cedo e cedo erguer
05.10. O cheiro a café, pão e bolos começa a chegar à redação da TVI. É tempo de tomar o pequeno-almoço. Para Frederico, esta é a primeira refeição do dia. "Quero é pão e manteiga e café com leite", atira o pivô, que acrescenta: "A hora por que mais ansiamos é a do pequeno-almoço. Estou cheio de fome!", diz o jovem de 30 anos. Já Sofia prefere trazer comida de casa e é ela mesma quem a prepara. "Deixo as coisas todas prontas de véspera. Faço uma caixinha com fruta, preparo os iogurtes e faço umas sanduíches", diz, enquanto trinca uma sandes de queijo feita pela própria.
Contudo, há quem fuja à regra. João Tomé de Carvalho não toma o pequeno-almoço. "É um hábito meu", ri-se. Desde que se levanta e até à hora de almoço, o jornalista apenas bebe café, para se manter desperto a preparar os textos que, no direto, vai ler no teleponto. "Já escrevi metade dos pivôs", esclarece, ao mesmo tempo que aproveita para "esticar as pernas" até outra redação, àquela hora ainda vazia, onde os repórteres dos programas de atualidade não diários têm o seu lugar. Ao mesmo tempo, uma senhora da limpeza lava o chão. A música Everything's Gonna Be Alright, de Bob Marley, que sai de um pequeno rádio que tem no bolso da bata azul, ecoa pelos corredores.
Na SIC, ainda nem sinal de empregadas de limpeza, há dúvidas no ramo da saúde. "Podemos dizer médica otorrinolaringologista ou só otorrina?", questiona o pivô de Carnaxide, enquanto ilustra a sua mesa com um iogurte de cereais e outro, líquido, de frutos tropicais. A sua secretária está surpreendentemente organizada. Papéis, CD, cassetes, dossiers, todos eles arrumados. "Deixa lá ver no Google. Olha, no Brasil existe otorrina!", responde Paulo Nogueira. "No Brasil existe tudo", ri-se Moleira. A boa disposição a esta hora da manhã é facilmente explicável: o hábito.
"Mal de mim se não me tivesse já habituado a este ritmo (risos). Estou há sete anos a fazer este horário. Custa sempre acordar às 03.00, mas tem de ser", explica o jornalista. E nem nos fins de semana consegue acordar tarde. "08.00 no máximo", atira. Com um estilo de vida em que reina o ditado "deitar cedo e cego erguer", a vida social destes profissionais acaba por ficar para trás. "Durante a semana, não existe. Tenho a facilidade de não trabalhar ao fim de semana e aí tento compensar a vida social. Durante a semana não dá. Mas isso não é algo que me incomode", explica Moleira.
A conduzir o Diário das Manhã desde Maio, Frederico confessa que praticamente deixou de ter vida social. Jantares com amigos só em ocasiões muito especiais. "A vida social ficou completamente afetada. Tenho o ritmo contrário do das pessoas normais, estou em contra-ciclo. As saídas com amigos durante a semana acabaram. No fim de semana também estou condicionado porque são 21.00 e já estou com sono. Obviamente que abro uma exceção para os dias especiais. No dia seguinte um pouco mais de olheiras, mas nada que a maquilhagem não resolva", conta, enquanto se prepara para se ir vestir.
O horário destes pivôs "não é normal", mas no caso da RTP, é compensador. "Somos campeões de audiências e isso significa que o que estamos a fazer, estamos a fazer bem. Somos líderes desde o primeiro dia e ganhamos todos os minutos do programa", refere Tomé de Carvalho. Ainda assim, e mesmo depois de uma década à frente do Bom Dia Portugal, o jornalista confessa que viver ao contrário da maioria das pessoas "continua a ser muito cansativo". "São dez anos e sentimos o peso disso. Ao fazer este programa estou muito mais desgastado do que se estivesse a fazer um outro de apenas uma hora. São três horas e meia de emissão em direto - é o programa de informação com maior duração em Portugal - e neste horário", prossegue. Só aos fins de semana o jornalista afina por outro diapasão. "Sextas e sábados consigo mudar de ritmo e deito-me lá para as 23.00. É uma noitada do caraças", brinca.
Cabelos, roupa, maquilhagem...e até 'Casa dos Segredos'
Por volta das 05.30, e com o estômago reforçado e energias retemperadas, Ana Sofia Cardoso é a primeira a entrar no guarda-roupa. Enquanto isso, o colega da TVI que continua na redação a tomar o pequeno-almoço e a dar uma nova vista de olhos pelos jornais não resiste a comentar uma das manchetes do JN. "Oohh, a Susana da Casa dos Segredos não vai ser a cara do salão erótico", diz, gerando uma gargalhada da equipa. Curiosamente, na SIC comenta-se a mesma temática. "A Susana recusou-se a ir ao salão erótico? Mas depois tira fotografias nestas poses!", vai comentando João Moleira para a equipa, recebendo um riso geral. Junto à sua mesa, tem um plasma ligado na Sky News. Ora vai baixando, ora levantando o som, enquanto bate freneticamente as teclas do computador.
À mesma hora, João Tomé de Carvalho já está a ser maquilhado. Os cabelos, esses, ficam por sua conta: agarra uma escova, molha-a e passa-a pela cabeça. "Feito", balbucia. O regresso à redação acontece a passo mais acelerado. A menos de uma hora para entrar no ar, é tempo de dar os últimos toques no alinhamento. "Estamos a falar de quantas crianças?", pergunta o jornalista ao coordenador do Bom Dia Portugal. "Não sei, diz que duplicou, responde-lhe este. "Mas importas-te que queira saber o número exato?", prossegue o pivô. "Ó João, não interessa o número. Mete lá isso assim, se faz favor", grita Hélder Antunes, referindo-se à notícia sobre o número de crianças que foram dadas para adoção, na Grécia, durante o ano passado. Foi o único momento em que a troca de palavras se fez ouvir um pouco mais longe.
São quase seis da manhã. Na TVI, Ana Sofia Cardoso já está pronta e a escolha recai num vestido azul-marinho conjugado com sapatos de salto alto beges. Entretanto, a pivô segue para a sala de maquilhagem onde Frederico Mendes Oliveira se encontra a ajeitar a gravata em frente ao espelho. Passados alguns minutos, é a sua vez de saltar para a cadeira para ser penteado e maquilhado.
Pouco depois, em Carnaxide, João Moleira deixa a sala em tons de azul e laranja para ir ao bar, que acaba de abrir. São seis em ponto. "A esta hora há uma pequena romaria ao bar." Bem dito, bem feito. A D. Ana, do bar, já sabe de cor o que o jornalista quer. "É o costume, D. Ana. Quanto é que é? 1,10euro não é? Pois, aumentou o preço. Antes era 85 cêntimos", reclama o pivô. O costume é uma baguete com queijo e manteiga, mal cozida. João Moleira segue para a redação a cantarolar pelos corredores. "Passo a manhã a cantar, para não adormecer", explica. Já na secretária, a comer, relê as entrevistas. "Não percebo esta frase. Ou então estou bêbedo de sono. Ai, que preguiça", solta.
As palavras dão depois lugar à base e ao pó de arroz. Com os pés em cima do balcão, descontraído, consulta o telemóvel, enquanto a maquilhadora Carla se prepara para lhe disfarçar as profundas olheiras. E é tarefa difícil? "Não", ri-se a maquilhadora. "Ela só diz isso porque está habituada. Tenho olheiras fundas e grandes. É também porque muitas noites só durmo duas, três horas", explica o jornalista que está em Carnaxide desde a fundação da SIC Notícias, há onze anos.
Na TVI, a agitação é maior. Afinal, faltam apenas dez minutos para começar o direto. Entretanto, surge uma dúvida. "Como é que eu explico o que é uma catenária?", questiona Sofia. Em contagem decrescente, Frederico e Ana Sofia dizem um "até já" à restante equipa à medida que se dirigem para o estúdio. Antes disso, a pivô não se livra de um comentário à indumentária. "A Sofia hoje vem em versão espanhola", comenta um colega, que é brindado com um sorriso.
"Batem leve, levemente, como quem chama por mim. Será chuva, será gente. Gente não é certamente...", ouve-se na RTP. Faltam menos de cinco minutos para o Bom Dia Portugal entrar no ar e João Tomé de Carvalho faz um poético teste de voz. A maquilhadora passa-lhe um lenço pela testa, gesto que o próprio acabará por repetir em quase todos os momentos que não está no ar. De seguida, o pivô ajeita a gravata azul, sorri e... "Estamos no ar", ouve-se na regie. "A partir do momento em que começa o direto, é só uma questão de acertos pontuais e de ter atenção ao relógio por causa das entrevistas, o que nos pode obrigar a ter de tirar alguma peça ou acrescentar outra", explica o coordenador do programa.
Sentados lado a lado, os pivôs da TVI também já estão prontos para apresentar o primeiro noticiário do canal, transmitido em simultâneo na TVI24. José Manuel Santos dirige-se para a régie para dar algumas indicações à dupla através do auricular. E como quem canta seus males espanta, antes de entrar em direto Frederico solta um "Nossa, nossa... assim você me mata", citando o tema de Michel Télo.
3, 2, 1... Ação
06.30: A hora é a mesma, mas a notícia de abertura não. Na RTP, dão-se os bons dias com a TDT e o apagão do emissor analógico de Palmela. Em Queluz de Baixo, os pivôs iniciam o noticiário com o empate do Sporting frente à Oliveirense. Durante a exibição das peças, João Tomé de Carvalho vai imprimindo, em tempo real e numa impressora debaixo da sua mesa, os pivôs que vai ler a seguir, sublinhando-os. "Debaixo desta secretária é um mundo de fios", mostra à equipa de reportagem da Notícias TV. Na TVI, Sofia e Frederico combinam entre si quem arranca com a abertura do bloco informativo.
O coordenador das manhãs deste canal explica o motivo por que a estação não deu prioridade ao tema da TDT. "Temos de pensar a nível nacional. Se o apagão tivesse incidido sobre mais áreas do país, como estava inicialmente previsto, a nossa opção seria dar mais tempo ao assunto. Mas será que as pessoas do Porto estão interessadas em saber o que aconteceu num ponto específico do país?", justifica-nos.
Em Carnaxide, ainda falta meia hora para a emissão. Hora de ultimar pormenores. "Esta é a hora de organizar os jornais por ordem e ir à casa de banho. Ó pá, quem é que roubou o JN? É sempre a mesma coisa", atira João Moleira para a redação. Já lá vão duas horas de trabalho. Café, nem vê-lo. "Nenhum. Não bebo desde os 18 anos. Habituei-me, não gosto do sabor. Tenho uma máquina de café em casa que me foi oferecida e que já deve estar estragada, de quase nunca ter sido usada", afirma o jornalista.
Dez minutos para o direto. Moleira dirige-se para o cenário, situado no meio da redação. Dá uma espreitadela no Facebook do programa, alimentado em tempo real pela produção. Enquanto lhe colocam o auricular e se senta, atira um "Ora, cá estamos". A poucos metros, na régie, tudo a postos. É nesta sala que se concentram o grafismo, a ortografia e a sonoplastia. O contacto com João Moleira é constante. O direto está iminente. No ar em 3, 2, 1....
É apenas entre as 07.00 e as 08.00 que a emissão nos três generalistas se cruza. O arranque desta hora, desta vez, foi igual em todos: a TDT. Na RTP, os gráficos que mostram aos espectadores as zonas do país afetadas pelo apagão estão desfasadas da voz do pivô. "O que é que se passa? Acertem lá isso", grita na régie o coordenador Hélder Antunes, ao mesmo tempo que escreve em computador os rodapés que passam no ecrã.
Entretanto, na TVI surge um imprevisto. Os pivôs perdem a ligação estabelecida com o coordenador através do auricular. "Frederico, Sofia. Conseguem ouvir-me? É pá, eles não me ouvem", replica José Manuel Santos para a restante equipa que o acompanha na régie. Após alguns segundos, a é restabelecida e tudo volta à normalidade.
Também em Carnaxide há percalços. As ligações ao exteriores, com repórteres em direto no Pinhal Novo, Sesimbra e Palmela, traz algumas complicações. "A estação do Pinhal Novo está fechada? Ele que tente outro sítio. Um café qualquer que esteja aberto", alerta Paulo Nogueira. Também em Sesimbra, a repórter destacada questionava-se sobre a melhor opção: "Não sei qual o melhor sítio. Um café? Uma casa? A Junta? Na rua? Não conheço Sesimbra, não sei onde as pessoas se juntam". E, enquanto na SIC os jornalistas questionam as suas posições, a repórter Laura Santos sai da RTP em direção a Alenquer. Não tirou o casaco desde que chegou à redação, duas horas antes. "A máquina está mais do que oleada. Toda a gente sabe o que tem de fazer. É sempre tudo muito calmo e sem confusões. Esta é inimiga do esclarecimento e as pessoas esclarecidas vão directamente àquilo que importa", esclarece Hélder Antunes.
Por esta hora, a redação do canal público vai-se compondo com a chegada de mais jornalistas, entre eles, Carla Trafaria. Nas semanas em que não conduz o Bom Dia Portugal, em alternancia com Tomé de Carvalho, a mulher do jornalista apresenta o bloco noticioso das 10.00 na RTP Informação. Já na TVI, fala-se sobre o almoço de boas vindas a Ana Sofia Cardoso à equipa do Diário da Manhã. Trabalhando numa hora em que só se têm uns aos outros, estas equipas pequenas mantêm laços mais estreitos. "Temos laços fortes de amizade. Vamos almoçar juntos e sair à noite. A Raquel e a Maria [jornalistas] até já são conhecidas aqui como as Moleirettes (risos). Damo-nos todos muito bem", frisa o jornalista, que dá as notícias em dose dupla, também na SIC Notícias.
O que os une e os distingue
Ao longo da emissão, levam-se convidados ao estúdio. Fala-se de Alberto João Jardim, das Scut, de Cavaco Silva ou de Carlos Cruz. "Não vai haver meteorologia. Não há tempo para o tempo", diz o coordenador do bloco da RTP para o pivô. Mas, afinal, o que é que distingue a informação dos três canais generalistas? "Se o público nos escolhe, alguma diferença teremos e faremos. O truque é sensibilidade e bom senso. "O Bom Português, por exemplo, é uma mais-valia", responde João Tomé. Já Moleira, na SIC, explica que tem que ver com identidade. "A marca da SIC é a informação. Não se vê isso nos outros canais. Marca de reconhecimento, credibilidade", diz. O coordenador das manhãs da TVI frisa que "não nos preocupamos com aquilo que fazem nos outros canais. Temos é de fazer bem e olhar para a actualidade, para que nada fique por dizer. Neste horário, é muito importante dar as notícias sem nos alongarmos muito, porque as pessoas não estão sentadas a ver-nos. Estão a preparar-se para ir para o trabalho e na maioria dos casos apenas ouvem a nossa voz", afirma José Manuel Santos.
Pelas 10.00, Portugal já não dorme. Começa o dia de trabalho de muitos. E acaba o deles. João Tomé de Carvalho nunca se habituou ao impacto da luz do dia, quando deixa as instalações da RTP. "É horrível", diz, cerrando os olhos. Nas últimas três horas e meia, disse "Bom Dia Portugal" 15 vezes. João Moleira deixa a SIC e corre para o ginásio. Depois vai almoçar. "Às 11.45 já estou à porta do restaurante de sushi, a fazer pressão às senhoras para abrirem a porta e podermos comer (risos). Elas já sabem, quando batemos à porta àquela hora. 'Pronto, lá vêm estes'", ri-se o jornalista.

2 comentários:

  1. Ahah fantastica reportagem.

    Muito bem feito parabéns!

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  2. Uohhh, que estafante! xD (tanto ler isto tudo, como a rotina deles... :p)

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