Pessoas que vêem 25 horas de TV por dia no mesmo televisor. Um Benfica-Sporting de Braga que rendeu 0% de share durante 20 minutos à SportTV. E lares sem televisão paga que registam audiências em canais como a SIC Mulher e a RTP África.
Todas estas situações estão descritas num relatório feito pela consultora Ernst&Young a pedido da RTP, para analisar o sistema de medição de audiências da GfK, que começou ontem a funcionar em pleno – substituindo a Marktest.
«Estas conclusões geram desconforto e desconfiança», comentou ao SOL fonte oficial da RTP, que não quer, no entanto, fazer mais comentários ou explicar que consequências poderá ter esta análise. «Não queremos fazer cenários».
Dados a que o SOL teve acesso revelam a fonte da preocupação dos responsáveis da televisão do Estado. Na quarta-feira – dia em que a RTP1 emitiu o jogo da Selecção contra a Polónia – os resultados medidos pela GfK ficam muito longe dos que obteve a medição da Marktest.
Enquanto a Marktest registou 27,2% de share global do dia para a RTP1 – deixando o canal na liderança –, segundo as contas da GfK, a estação pública ficou-se pelos 21,1%. Ou seja, usando o painel da GfK, a RTP1 passa para o segundo lugar do dia, apesar de ter em horário nobre um produto tão apetecível como o futebol.
Fonte ligada ao processo avança uma explicação possível para o facto de as medições que a GfK tem feito desde o início do ano darem na maior das vezes resultados muito mais fracos à RTP1 e TVI do que os da Marktest. «Segundo o Censos, os maiores de 65 anos deviam representar 15 a 20% do painel. Mas a GfK tem um painel com menos de metade desse valor para essa faixa etária». Como a SIC consegue resultados melhores com públicos mais jovens, as audiências têm sido melhores nesta medição do que eram até 1 de Março.
Apesar das disparidades, José Fragoso, director de conteúdos da TVI, não está preocupado. «Não há motivos para duvidar da fiabilidade do sistema da GfK», garante, explicando que «todos os problemas têm sido identificados, explicados e corrigidos». De resto, Fragoso considera normal que um painel ainda muito recente precise de ajustes.
Desde o início de Janeiro que a GfK está a afinar o sistema de medição de audiências. Mas dúvidas sobre os resultados obtidos levaram a sucessivos adiamentos da substituição da Marktest por esta empresa – que ganhou o concurso público lançado pela CAEM (Comissão de Análise de Estudos de Meios).
Fonte: Jornal SOL
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