O País é pequeno. O mercado musical apertado. Apesar
das contrariedades, vencer o concurso da SIC mudou o rumo de quatro jovens que
hoje conseguem fazer da música a sua vida...
Sempre que arranca uma nova edição de um
concurso de música, como ‘Ídolos’ ou ‘Operação Triunfo’, milhares de jovens
apresentam-se com o objectivo de fazer uma carreira na música. Contudo, são
raros os que conseguem fazer deste o seu modo de vida. Entre as poucas
excepções, neste momento, estão os vencedores das primeiras quatro edições do
programa da SIC, cujas galas em directo da quinta temporada arrancam a 27 de
Maio. A Correio TV falou com três ex-vencedores, Sérgio Lucas, Filipe Pinto e
Sandra Pereira para perceber se efectivamente o concurso lhes abriu as portas
para uma carreira musical. Apesar de Luís Jardim, presidente do júri nas duas
primeiras edições do formato, considerar que "o ‘Ídolos’, à semelhança de
outros concursos só de canto, não tem funcionado em Portugal. Chega-se ao fim e
não se cria uma estrela". No entanto, os vencedores fazem um balanço
positivo do programa que, efectivamente, lhes mudou a vida.
"Para mim é positivo ir a um concurso
como o ‘Ídolos’, ou qualquer outro para cantores, porque tudo o que possamos
fazer para divulgar o nosso trabalho é bom", diz Sérgio Lucas, vencedor da
segunda edição, em 2005. "O facto de ter ganho o ‘Ídolos’ abriu-me as
portas para trabalhar em muitos sítios. Desde então, e graças a não ter
desistido, como muitas vezes apetece, e ter insistido, já fiz teatro musical,
programas de televisão e lancei dois álbuns de originais meus [‘Até ao Fim’, em
2007, e ‘Vícios’, em 2010]", acrescenta o cantor, que prepara já um
terceiro CD.
Filipe Pinto, vencedor da terceira edição, é claro na sua análise:
"Não poderia fazer um balanço melhor". "Para um aluno de
engenharia florestal, que tencionava trabalhar nesta área, que venceu o
programa e agora consegue dedicar-se a 100% à música, é uma enorme vantagem.
Não tenho dúvidas de que isto foi o melhor que me poderia ter acontecido",
diz. O jovem de Matosinhos, que lançou recentemente o seu primeiro single,
‘Insónia’ (visto, até agora, por 92 mil pessoas no Youtube), considera que
"poder estar a desenvolver um trabalho há dois anos na área musical é
certamente positivo".
Confrontado com as críticas dirigidas ao
programa, nomeadamente ao facto de criar vencedores que depois não conseguem
atingir a notoriedade expectável, Sérgio Lucas é peremptório: "Eu não
queria notoriedade nenhuma. O meu objectivo até hoje não é querer ser famoso.
Para mim a fama tem de ser uma consequência do nosso trabalho e não por ter aparecido
num programa de televisão". O cantor, cujo último trabalho foi o musical
‘Pinóquio’, de Filipe La Féria, no Teatro Politeama, diz ainda: "O meu
objectivo ao ir para o ‘Ídolos’ era apenas tentar um lugar no mercado, o mesmo
que todos queremos quando fazemos um curso e acabamos a escola". Filipe
Pinto corrobora a opinião: "As pessoas não podem trabalhar só do
mediatismo. É preciso ter base e formação para perceber a linguagem musical e o
mercado".
Apesar de actualmente viver apenas da música,
Sandra Pereira confidencia: "Quando acabou o programa, e depois da euforia
inicial, fui-me um pouco abaixo. Porque isto é como um fogo-de-artifício: toda
a gente está ansiosa para ver, bate palmas, mas, quando acaba, todos se vão
embora. É isso que acontece com o ‘Ídolos’: de repente damos um pulo muito
grande, mas depois caímos quase a pique". A cantora, que passou os últimos
meses de 2011 e os primeiros de 2012 a estudar na London Music School, na
capital britânica, à semelhança do que já tinha acontecido com Filipe Pinto,
acrescenta ainda: "A grande mais-valia dos ‘Ídolos’ é que nos dá
visibilidade. Mas depois o programa acaba e há pessoas que vêm trabalhar
connosco, umas melhores, outras piores… Eu decidi então trabalhar
sozinha". Sandra Pereira está agora a preparar o seu primeiro álbum de
originais.
A experiência acumulada em ‘Ídolos’ e em tudo
aquilo que se seguiu permite já a estes três artistas deixar alguns conselhos
àqueles que só agora se aventuram no palco que o formato proporciona:
"Acima de tudo, divirtam-se e dêem o melhor que tiverem para dar. O
concurso é um microclima daquilo que é o mercado cá fora, muito mais
competitivo e difícil. É preciso trabalhar muito mais", diz Sérgio Lucas.
Para Filipe Pinto, o importante é que os concorrentes "sejam eles
mesmos". "Há sempre medos com a exposição. Mas o mais importante é
que cada um se sinta bem na sua própria pele. Não devemos ter pressões na nossa
cabeça, deixar rolar o nosso talento e tentar sempre ser originais",
afirma.
Já Sandra Pereira alerta para a necessidade de "estar atento ao
que se passa à nossa volta e não se deixar deslumbrar". "O primeiro
conselho que dou é que tenham o olho aberto e que estejam atentos. Deixem-se
deslumbrar o tempo necessário, não demais. É preciso que as pessoas tenham os
pés bem assentes no chão. Mas o mais importante é que sejam genuínos e que não
deixem de acreditar naquilo em que acreditavam antes. E, ao mesmo tempo, que
não se deixem comer pelo peixe graúdo que anda cá fora", alerta.
O produtor musical Álvaro Covões
afirma não ter dúvidas de que é preciso "um palco, oportunidade e
formação" para alguém vingar no universo musical. E recorre ao futebol
para fazer uma curiosa comparação: "A razão porque temos os melhores
jogadores do Mundo é porque temos muitas escolinhas a dar formação, a
aperfeiçoar talentos e a escolher depois os melhores. Na música, são as
televisões que fazem esse trabalho, exceptuando o Conservatório e uma ou outra
escola de música. Muitas vezes, a televisão é a oportunidade que faltava para uma
carreira".
O produtor musical explica ainda que Nuno Norte (vencedor da
primeira edição de ‘Ídolos’ e que a Correio TV não conseguiu contactar até ao
fecho desta edição), Sérgio Lucas, Filipe Pinto e Sandra Pereira são todos
"talentosos", mas adverte: "A carreira deles vai depender muito
do trabalho de aperfeiçoamento e da sorte em tropeçar em bons autores e
compositores, a menos que eles mesmos componham as suas músicas, isso pode
fazer toda a diferença". Álvaro Covões conclui que o talento, o trabalho e
estar rodeado de "bons profissionais" ajudam um ex-concorrente do
‘Ídolos’ ou de qualquer outro formato de talentos a singrar. E conseguir
encontrar a "estrela", acrescenta.
A partir de 27 de Maio novas
‘estrelas’ brilharão na antena da SIC e, no final de Julho, será conhecido o
novo ‘ídolo’ de Portugal.
Fonte: Correio da Manhã
Exactamente! E a estes 4, muitos mais valores poderíamos acrescentar, que viram as portas abertas no mundo da música devido a programas como «Ídolos», «Chuva de Estrelas», «Família Superstar»...
ResponderEliminarVejamos por exemplo a Luísa Sobral, que se tornou também conhecida devido a uma edição de «Ídolos», estando a fazer o seu percurso de êxito no estrangeiro.
A Sara Tavares, a Filipa, o João Pedro Pais, a Inês Santos ...quantos valores não foram dados à música, por programas de talentos?