Partilha a ideia de que a novela é um produto menor? Não. A novela é um produto que, quer se queira quer não, diga-se o que se disser, é importante na nossa sociedade. É um produto com o qual as pessoas se entretêm todas as noites e, por isso, nunca pode ser um produto menor. Mas há menos tempo para trabalhar… A novela tem uma linguagem própria. Isso não é menor, é simplesmente diferente. É um desafio adaptar-me a essas diferenças e não estar num só registo.
Tem feito muitos trabalhos em que expõe o seu corpo. Fez questão que isso não acontecesse nesta novela? Não. Esta personagem já estava desenhada em 1979. Não se coloca sequer essa questão. É verdade que é um desafio fazer uma personagem completamente diferente daquilo que tinha feito até hoje, e isso reconheci imediatamente e foi um dos factores de entusiasmo para entrar neste projecto. É uma oportunidade para se afastar da imagem de actriz sensual… À medida que o tempo vai passando isso vai acontecendo naturalmente. As personagens que interpretei tiveram o seu tempo. É a ordem natural das coisas.
Então hoje tentaria fugir aos papéis que fez no início da sua carreira? Não, o que estou a dizer é que há uma evolução natural da carreira. Não foi uma opção afastar-me de determinados papéis até porque sinto orgulho no trabalho que fiz e cresci muito com essas personagens, independentemente de terem um carácter sexual ou não. Mas é normal que esse tipo de papel continue a aparecer… Os papéis que aparecem são os papéis que aparecem e… E tem de fazer escolhas… O actor faz escolhas, sem dúvida. E aquilo que tenho feito são as minhas escolhas perante as oportunidades que surgiram.
Escolheu a SIC para se estrear nas novelas. Recebeu convites de outros canais? Sim, recebi vários convites. Mas o timing não era o ideal. E o que surgiu agora foi este convite, não foi outro.
Tem sido abordada na rua? Sim. As pessoas têm sido simpáticas. Quando vêem um actor em televisão todos os dias sentem-se mais perto dele. Apesar da novela ter estreado há pouco tempo, sinto que isso já começa a acontecer. Sinto que as pessoas estão curiosas com esta história e isso dá-nos um bom alento para continuar.
Regressou há um ano de Madrid, onde esteve a estudar. Deixou definitivamente Espanha para trás? Não. Os contactos que consegui fazer mantêm-se. Deixei foi de viver lá porque as oportunidades estavam a acontecer aqui e não fazia sentido manter essa distância. Chegou a uma altura em que estava dividida: estudar em Madrid, o que sempre quis, mas ao mesmo tempo em Portugal estavam a acontecer várias oportunidades de trabalho. Ainda consegui conciliar durante três anos, mas cheguei a uma fase em que queria estar a 100% num dos lugares. A minha base agora é Portugal e não acredito que volte a ser Madrid.
Nunca foi intenção sua afastar-se de Portugal e procurar uma carreira no estrangeiro? Não planeio demasiado. Vou fazendo as coisas à medida que sinto que são necessárias e fazem sentido em determinado momento. Não funciono de uma forma planeada.
Neste momento não tem como objectivo a internacionalização da sua carreira? Não é um objectivo prioritário, mas se surgisse uma oportunidade de internacionalização seria muito bem-vinda.
Tem participado em alguns dos filmes mais vistos do cinema português. A sua presença no elenco ajuda, à partida, a vender um filme? Esses projectos acabaram por ter muito sucesso, mas é uma casualidade. Nunca se sabe quando vai ter sucesso ou não. E são muitos os factores que contribuem para esse sucesso, não é só um.
Quando fez ‘O Crime do Padre Amaro’ não tinha ideia da repercussão que o filme poderia vir a ter? Não. Nunca me passou sequer pela cabeça que viesse a ter o sucesso que teve. E nos outros filmes também não tinha… porque podemos acreditar no nosso trabalho e fazer o melhor mas, a partir daí, o que acontece é uma incógnita. Não existe uma fórmula para o sucesso.
O facto de um filme ter o seu nome associado não atrai, à partida, algum público? Não sei. Acho que não. Não é o meu nome que leva pessoas às salas de cinema. Não existem estrelas em Portugal.
Já foi exclusiva da SIC. Gostava de voltar a assinar com algum canal? Estou confortável assim. Gosto de ter oportunidade de trabalhar com vários canais.
Vê-se a fazer outra coisa que não seja ser actriz? Não. Esta profissão é a minha vida. Não consigo imaginar-me a fazer mais nada.
PERFIL
Soraia Chaves nasceu em Lisboa a 22 de Junho de 1982 (30 anos). Estreou-se como modelo e, em 2005, ganhou notoriedade com ‘O Crime do Padre Amaro’. Depois assinou exclusividade com a SIC. Ao mesmo tempo, participou em sucessos do cinema português, como ‘Call Girl’ e ‘A Bela e o Paparazzo’. Protagonizou ‘Voo Directo’ (RTP, em 2010) e voltou à SIC, em 2011, para uma participação especial em ‘Rosa Fogo’. Actualmente, integra ‘Dancin’ Days’.
Fonte: Correio da Manhã
0 comentários:
Enviar um comentário