DANIEL OLIVEIRA FALA DA SUA INFÂNCIA, OS PAIS E A SIC

sexta-feira, 24 de agosto de 2012


Hoje é subdirector de conteúdos de entretenimento na SIC. Tem o rótulo de apresentador amigo dos futebolistas, que faz os entrevistados chorar, mas não se recorda da última lágrima que deixou cair. Segunda parte da entrevista de Daniel Oliveira ao jornal SOL.

Como é que um miúdo que adora a bola é campeão nacional de xadrez?
Ganhei esse gosto através do meu avô materno, que me ensinou e me levava aos torneios. O xadrez ainda hoje me é importante, porque exige destreza mental. Ser campeão nacional aos 13 anos foi a minha primeira vitória. Nunca fui o nerd do xadrez. Jogava xadrez à noite, com o meu avô. Ainda jogo de vez em quando, por carolice.

Nessa altura já vivia ao cuidado dos seus avós?
Vivia com os meus avós maternos, a minha mãe e a minha tia, com quem dividia o sofá. Depois fiquei só com os meus avós e a minha tia, ela ficava no quarto e eu sozinho na sala.

Quando se apercebe da toxicodependência dos seus pais?
Não há um momento. Não tinha termo de comparação com outra vida, aquela era a minha realidade. Cresci dessa forma, mas sempre muito protegido. Foi uma realidade com a qual convivi, mas nunca senti que aquilo era definitivo, que ia condicionar toda a minha vida. Nunca me culpabilizei.

Aos 20 anos escreveu a história dos seus pais. Sem rodeios falou do vício, da prostituição da mãe e da prisão do pai. Por que decidiu escrever 1 Dose de Droga, 1 Grama de Esperança?
Ajudou-me a desdramatizar uma série de episódios. Não vivemos aqueles problemas como se fossem o fim da linha. Decidi expor porque isso banalizava aquelas histórias que tinham um peso dramático brutal. É possível dar a volta. Os meus pais ultrapassaram os seus problemas e tudo o que veio depois é tão maior… Claro que isto não se apaga, mas todos esfolámos os joelhos quando éramos miúdos e as cicatrizes passaram. Isto já não nos dói.

Esse livro abriu portas a rótulos como o coitadinho, o filho dos drogados, o oportunista que usou a desgraça familiar para se promover. Como se lida com isto? É triste. Já li tudo isso e pior ainda. Não creio que alguém possa criticar uma história que não viveu. Sei o que sou e o que faço.

Os seus pais pediram-lhe desculpa?
Não creio que fosse necessário. A nossa relação é tão saudável e tão próxima que não tenho uma visão recriminatória para com eles. Eles eram muito jovens. Não vivo com fantasmas. É um capítulo fechado desde a altura em que escrevi o livro.

Nessa altura de convulsões familiares ainda sonhava ser jogador de futebol ou já tinha outras ambições? Não tive tempo. Com 11 ou 12 anos fiz os treinos de captação do Benfica. Fiquei na primeira fase, mas queriam emprestar-me ao Estrela da Amadora e o Estrela queria emprestar-me a outro clube. Achei que já eram empréstimos a mais e desisti. Depois, quando os caminhos se estariam a formar, tive a possibilidade de trabalhar na SIC. Desde os 16 anos nunca parei de trabalhar. Desde os 19 que exerço cargos de coordenação. O factor sorte esteve muito presente e não desperdicei a oportunidade. u

Essa oportunidade aparece porque, aos 13 anos, decidiu criar um jornal caseiro, o Penalty. Como surgiu essa ideia? Não consigo ter a precisão de como nasceu. Lia jornais desde muito novo, sobretudo desportivos. Era um jornal rudimentar, em folhas A4. Cobrava cem escudos, imprimia 15 exemplares, depois passei para 100. Fazia notícias sobre jogos que se tinham passado e mais tarde abri o âmbito à televisão. Era um pretexto para conhecer essas pessoas, era um pretexto para vir para a SIC entrevistar alguém. Saía da Parede, apanhava dois autocarros e um comboio, para chegar à SIC. Esperei mais no primeiro dia até conseguir entrevistar a Alberta [Marques Fernandes]. A partir daí não saía da SIC sem um pretexto para voltar. Foram uns dois meses nisto, no Verão de 1997.



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