Vencedor de Ídolos 5, Diogo Piçarra em entrevista

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Diogo Piçarra: "Tenho identidade, mas não tinha a melhor voz"



Aos 21 anos é o novo ídolo de Portugal. O vencedor do concurso da SIC reconhece quão efémera é a fama, diz que não esperava vencer e conta o que aprendeu nos últimos três meses. Simples e discreto, Diogo não se ilude: o esforço começa agora. Ele quer arregaçar as mangas e trabalhar.
Já se sente o novo ídolo de Portugal?
Ainda não. Sinto-me o mesmo Diogo tal como comecei. Nem sei ainda o que significa ser o novo ídolo de Portugal. Não sei se venci por ter muitos seguidores ou por muitas pessoas votarem em mim. Não é isso que me vai dar ou retirar talento. A Mariana também merecia ter ganhado, tal como os outros concorrentes. Só tiveram o infortúnio de não ter muita gente a votar. Ser o ídolo de Portugal não significa ter a melhor voz. Mas, claro, sinto-me muito orgulhoso pelo facto de o público se ter identificado comigo e ter gostado do meu trabalho. É disso que se trata. Só espero que esse apoio continue daqui para a frente.
Como está o seu estado de espírito, menos de um dia depois de ganhar Ídolos, da SIC [a entrevista decorreu segunda-feira]?
É tudo recente, as coisas ainda estão a quente. Não dormi quase nada ontem [domingo para segunda], só consegui dormir três horas (risos). Só costumo assentar ideias quando vou para casa [em Faro]. Na altura das galas, às segundas e terças, voltava para lá e conseguia pensar no que tinha feito e no que queria fazer na gala seguinte. Agora, só quando voltar para casa é que vou refletir no que aconteceu e, talvez daqui a um mês, começar a perceber o que aconteceu durante três meses de Ídolos.
Surpreendido com a decisão dos portugueses? Pensava que a Mariana ia vencer o concurso?
Sim, sem dúvida! Para mim, a Mariana, desde o primeiro casting, sempre foi a favorita para vencer. É claro que foi um orgulho e um privilégio ter partilhado a final com ela. Não estava nada à espera de ganhar, e adorei ter sido coroado o novo ídolo, mas ficaria muito feliz se tivesse sido a Mariana a vencedora.
Voltemos ao seu primeiro casting para este programa. Quando estava a cantar para o júri, alguma vez pensou objetivamente que iria chegar até aqui?
Nada disso! Eu até pensava que ia ser eliminado logo no primeiro casting. Primeiro, porque era repetente [Diogo fez o casting na terceira edição de Ídolos, em 2009] e pensava que ia levar logo uma boca: "O que é que fazes aqui? Não tens mais nada para fazer?" E, segundo, porque há muitas pessoas com boa voz. Não me acho o melhor nem acho que tenho uma grande voz para ser considerado um ídolo. Acredito, sim, que tenho o meu estilo próprio e tenho identidade, mas não tinha a melhor voz.
Quando olha para as suas atuações nas galas em direto, fica satisfeito com o seu percurso ou é muito exigente quando as revê em casa?
O objetivo era dar o meu melhor e sair satisfeito. Acho que não houve nenhuma gala em que estivesse menos bem. Houve, sim, algumas galas em que não estava muito confortável com o tema, sobretudo quando cantei Ana Lee (dos GNR). Mas sempre trabalhei para dar o meu melhor e mostrar que me safava em vários registos. No geral, fiquei satisfeito e não mudava nada desde o início do concurso.
O que é que sentia sempre que pisava aquele palco?
Quando acabo as atuações não me lembro do que fiz. Parece que entro noutro mundo, não sei. Fico fora de mim. Parece que não sou eu que estou em palco. Quando entro em palco, sinto cada palavra que canto e cada nota que toco.
Qual foi o momento mais difícil até agora em toda a aventura Ídolos?
Talvez tocar piano numa gala no tema Fix You, dos Coldplay. Foi a primeira vez que toquei piano na minha vida e logo para milhares de pessoas, em direto. Foi desafiador. Queria mesmo mostrar que com muito trabalho e esforço consigo tudo. Foi a gala que deu mais trabalho, mas foi a minha preferida.
Como era o ambiente entre os concorrentes do programa? Vocês passaram três meses praticamente sempre juntos.
Exatamente! Já éramos uma família. Pessoalmente, dava-me bem com todos. É claro que cada um deles tem a sua cor especial. Cada vez que um concorrente era eliminado, ficávamos muito tristes. Sentíamos sempre a falta dos que saíam, porque cada um deles tinha a sua presença específica no grupo. O André Abrantes contava anedotas, o Paulo era "maluco", o André Cruz também era passado da cabeça (risos). Era muito bom tê-los por perto e ainda bem que a última semana foi passada com todos, em conjunto. O ambiente era sempre de muita alegria e brincadeira apesar do muito trabalho que tínhamos. Vou guardar para sempre na memória as amizades que fiz.
E agora o que se segue? O Diogo vai gravar primeiro o seu disco e só depois segue para Londres [para estudar na London Music School, prémio entregue ao vencedor do concurso], certo?
Era isso que queria fazer. Queria primeiro gravar ou um disco ou, pelo menos, um single original meu. Porque sei quão efémero isto é. As pessoas esquecem-se facilmente. A partir do momento em que já não estamos todas as semanas na televisão, as pessoas já não procuram e eu gostava de mostrar trabalho, pelo menos para deixar alguma marca antes de ir para Londres. E, aí sim, ir estudar e aprender. É o que quero mais. Considero-me um amador, tive apenas um ano de aulas de guitarra, não sei nada. É um enorme orgulho poder ir para Londres.
E o que é que o público pode esperar do Diogo ao nível da sonoridade da sua música? Já começou a pensar nisso?
Tenho algumas coisas já escritas que compus, antes de entrar no Ídolos, em português, num estilo pop/rock, alguns temas mais virados para o acústico. Mas ainda não tenho um estilo definido. Os que viram as galas podem imaginar o que posso mostrar nos originais. E era esse o meu objetivo no Ídolos, cantar clássicos de outros artistas, mas dar sempre um cunho próprio aos temas.
"Nada está feito. a partir de agora é começar do zero"
Quando olha para a frente, acha que o seu caminho vai ser mais facilitado ou mais dificultado pelo facto de ser um concorrente do Ídolos?
Nem uma nem outra. Vai depender do meu trabalho. É óbvio que já tive alguma visibilidade e isso já me ajudou um pouco. Mesmo que tivesse vídeos no YouTube, durante dois anos, nunca iria ter a visibilidade que tive neste programa. Por isso, vai ser um pouco mais facilitado só na medida em que as pessoas já me conhecem. Mas isso, claro, não quer dizer nada. Posso fazer música má e as pessoas não gostarem. Tenho é de trabalhar e fazer boa música. Nada está feito. A partir de agora, é começar do zero. Vá, do 0,5 (risos).
Como foi ser avaliado, semana após semana, por aquele júri?
Os elogios e as críticas foram essenciais para mim e para poder evoluir. O meu objetivo também passava por agradar aos jurados. Eram eles quem dava a opinião e acabavam por ser também a cara do povo.
Manuel Moura dos Santos, Bárbara Guimarães, Tony Carreira e Pedro Abrunhosa. Consegue descrevê-los, cada um, numa só palavra?
Ui! É difícil! O Manel é muito crítico e difícil de agradar. A Bárbara é um doce de pessoa. Ela faz-nos sentir bem connosco próprios. O Pedro é um sábio nas palavras. É um mestre da música, é sempre direto e sabe o que dizer. E o Tony também é um grande artista e grande pessoa. Fiquei surpreendido, adorei conhecê-lo. É uma pessoa que merece todo o sucesso que tem!
"O meu objetivo é mostrar um pouco de mim e do que sou feito".
Esta foi uma frase que disse, em entrevista, no início do Ídolos. Como é que se define, aos 21 anos?
Ainda me considero um puto, uma criança. Como músico, ainda sou amador. Como pessoa de 21 anos ainda desejo crescer, quero conhecer muitas pessoas, muitos locais. Não quero parar por aqui e espero que nada acabe aqui. Ainda há algo de grande para acontecer, espero eu. É essa a minha fome, a minha sede.
Como ocupa os tempos livres? Quais são os pequenos prazeres?
Ler! Adoro, e durante o Ídolos não tive tempo! Adoro ouvir música, descobrir novas bandas alternativas. Gosto de jogar à bola, correr! E de beber chá. Adoro! Cantar, compor, tocar guitarra, piano, bateria, fazer barulho para chatear os vizinhos (risos). Alguns já se chatearam comigo!
Como tem sido o feedback na rua? O que é que as pessoas lhe têm dito?
Estive três meses praticamente fechado num hotel e ainda nem sei bem o que se passa aqui fora. Mas, vendo pelo Facebook, comecei com quatro mil seguidores. Agora tenho 35 mil. Só consigo ver por aí as consequências da minha participação no Ídolos.
O Diogo tem um irmão gémeo, André. Como é a vossa relação?
Não somos nada parecidos fisicamente, mas temos uma relação ótima. Podemos estar em silêncio durante horas mas dizemos tudo ao mesmo tempo. A companhia dele é tudo.
Ele não canta?
Ele tem boa voz! As nossas vozes até são parecidas! Mas o André joga muito bem à bola, devia apostar nisso!

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3 comentários:

  1. Olá Diogo!

    És tão fofo e Maravilhoso!
    Parabéns!
    Mereces tudo e ganhas-te porque mereces-te...
    Não existe forma para descrever a forma como te entregas á musica e a sentes... é um sonho ouvir-te!

    ès magnifico

    Parabens

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  2. Grande entrevista, muito bom! Super humilde, com os "pés bem assentes na terra"!Claro, não é só saber cantar, o tipo de pessoa que se é, também é muito importante!Go ahead Diogo!;D

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  3. Grande entrevista, muito bom! Foi merecido!;D

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