Rui Unas: "Sou um pai que
tenta ser equilibrado"
O apresentador e ator respondeu a perguntas dos espectadores e falou do programa "Splash!", da carreira, da vida de humorista, da representação e da relação com os filhos...
Com um vasto currículo na sua carreira, desde a televisão
passando pela rádio, música, cinema, teatro e dobragens, considera-se um homem
feliz ou ainda lhe falta realizar mais alguma coisa? (Mário Jesus, Codível) "Sim, sou
um homem feliz mas permanentemente insatisfeito! Um dos fascínios do meu
trabalho é ser surpreendido com projetos novos e diferentes. No entanto, um
artista só evolui se estiver disponível para se reinventar a arriscar, senão
corre o risco de não passar da mediocridade."
Tem dois filhos. Como é que se descreve como pai? Gostava de
ter mais filhos? (Sofia Saraiva, e-mail) "Sou um
pai que tenta ser equilibrado. Nem demasiado austero nem ‘amigo’. Mas entendo a
experiência como uma troca: eu ensino-os a serem adultos, eles ajudam-me a não
deixar de ser criança."
Está satisfeito com a sua participação no programa "Splash!" ou
ambiciona algo diferente para a sua carreira?(Ana Maria Fernandes, e-mail) "Estou.
Creio que encontrei um registo que complementa o estilo da Júlia Pinheiro. É um
programa divertido com momentos de tensão e drama muito bem feitos. A minha
carreira não termina, assim como não começou no Splash!. É mais um projeto
que muito me honra apresentar pela confiança que depositaram em mim."
É mais fácil fazer rir ou chorar? (Paula Nunes, Amadora) "No meu
caso é mais difícil fazer chorar, uma vez que estou associado ao humor. Por
isso, agrada-me fazer trabalhos que não têm nada a ver com comédia, pela
dificuldade associada. Mas, regra geral, as pessoas predispõem-se mais
facilmente a rir do que a chorar."
Acha que os humoristas em Portugal são desprezados? (António
Leal, Setúbal) "Não.
Pelo contrário, acho que ‘nos’ tratam muito bem. Há sempre quem se sinta
incomodado, normalmente quem é visado nalguma piada. No entanto, quem ri dos
outros não tem legitimidade para se queixar que se riam deles próprios."
Estreou-se a apresentar programas como "Alta Voltagem", em
1996. É um apresentador diferente? Se sim, em quê? (Joana Encarnação, Faro) "Mal
seria se não o fosse. Mais experiente, confiante, mais técnico... mas também
menos iludido e sobretudo com menos cabelo."
É conhecido por estar sempre a fazer piadas. Acha que as
pessoas o levam a sério? (Susana Roseiro, e-mail) "Sinceramente, acho que sim. A fase do ‘ganda maluco’ já passou. Continuo a
fazer e a dizer disparates, mas a generalidade das pessoas percebe que há uma
pessoa para além da ‘persona’ pública."
Esteve detido em Angola quando gravava um programa. Como é que
viveu esse momento? (Mário Azevedo, e-mail) "Fui
detido porque tirava fotografias numa zona de embaixadas. Fui encaminhado a uma
esquadra para esclarecer a situação e fui tratado com toda a diplomacia.
Brinquei com a situação quando cheguei a Portugal e fiquei surpreendido e
triste com os comentários racistas, quer de portugueses quer de angolanos."
Os seus maiores sucessos foram num canal por cabo. Considera
que ainda não teve a sua grande oportunidade num canal generalista ou está
satisfeito com o seu percurso profissional? (Fernando Gomes, E-mail) "Não
existe ‘a grande oportunidade’. Houve um tempo em que ansiava por ter um
programa da minha autoria num canal generalista. Hoje, entendo com naturalidade
que o meu trajeto profissional é feito de ciclos, uns mais felizes que outros.
A minha única preocupação é estar à altura dos desafios e evoluir no meu
trabalho. O resto virá com o tempo, ou não."
Já lançou vários projetos na internet com grande sucesso. É um
trabalho que faz por gosto ou por dinheiro? E tem tempo para todos os projetos
e também para a sua família? (Pedro Marques, Lisboa) "No meu
tempo livre dedico-me a projetos ‘alternativos’ que não me dão dinheiro mas
permitem-me estar ativo e em contacto com o meu público. Sejam emissões
on-line do meu sótão ou podcasts. Faço-os por gosto mas também para testar
conceitos. Em relação à família… a minha mulher queixa-se que devia estar a lavar
a loiça em vez de estar fechado no sótão."
Perfil:
Rui Unas
nasceu a 23 de fevereiro de 1974, em Lisboa. Estreou-se na televisão em 1996
como apresentador do programa "Alta Voltagem", na RTP1. Ao longo do seu percurso
tem-se multiplicado pelas atividades de apresentador, produtor, autor,
humorista, ator e até escritor. Na área da representação fez teatro, cinema e
televisão. É atualmente coapresen-tador do reality show "Splash! Celebridades", mas foi em "Vale Tudo" que
recentemente conquistou o público.
Fonte: Correio da Manhã
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