A rubrica de opinião de um critico de TV externo, por Nuno Azinheira.
A TV e as eleições
Muito francamente, percebo, e até simpatizo, com a lógica do
"unidos venceremos". A decisão, obviamente concertada, de RTP, SIC e
TVI sobre a forma como (não) vão cobrir as autárquicas é um sinal, pouco
habitual, mas saudável, de que os principais operadores de televisão sabem
colocar-se de acordo em matérias essenciais e quando se trata defender o
jornalismo. É disso que se trata.
Não vale a pena fazer, neste particular, uma
cruzada contra a Comissão Nacional de Eleições. Ela está apenas a interpretar,
de uma forma espartana, é certo, mas a interpretar, a lei eleitoral. Não é,
pois, a CNE que está mal, é uma lei bafienta e bolorenta feita para os
primórdios da nossa vida democrática e que, quase 40 anos depois, precisa de
ser adaptada.
Sejamos claros: o princípio da Liberdade e da igualdade de
oportunidades são valores fundamentais mas é impossível - não é difícil, é
impossível - dar o mesmo enfoque, o mesmo tempo, o mesmo espaço mediático a
todos os candidatos que, por à face da Lei terem os mesmos requisitos, avançam
para as autarquias. A realidade hoje não é mesma de antigamente. Hoje, a
realidade político-partidária, com a fragmentação do espetro tradicional e o
crescimento exponencial das candidaturas independentes, faz que em muitos dos
308 concelhos haja sete ou oito candidatos em compita.
E, apesar de todos terem
os mesmos direitos à face da lei, nem todos têm o mesmo peso jornalístico. Não,
lamento, o jornalismo não é uma mera repartição pública onde se entrega um
formulário. O jornalismo tem critérios. E são os jornalistas que os definem,
não são os políticos nem os legisladores. Mas esta unidade televisiva tem
perigos. Vários. Como amanhã explicarei na segunda parte desta crónica.
Autor: Nuno Azinheira em Diário de Noticias.
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