sexta-feira, 23 de março de 2012

Entrevista de vida a Oceana Basílio

 
Aos 33 anos, Oceana Basílio confessa ter dificuldade em gerir o papel de namorada, mãe e actriz. A viver um romance feliz ao lado do ex-futebolista Abel Xavier, Oceana revela ainda sentir vontade de voltar a viver a experiência da maternidade.

- Há prejuízos na vida pessoal quando está a gravar e a fazer teatro em simultâneo?
- Tento sempre compensar. Tento que os momentos que tenho com as pessoas de quem gosto sejam de qualidade. Nem sempre se consegue, porque há alturas em que o cansaço fala mais alto, mas faço esse esforço. Na nossa geração, as mulheres têm de viver com muita coisa.

- O que acha que mudou?
- Hoje em dia nós queremos ser boas mulheres, boas amantes, boas mães e boas profissionais e muitas vezes não conseguimos aceitar que não é possível estar bem em tudo. É difícil fazer tanto esforço e acho que aos poucos tenho estado a aprender com esta realidade. De qualquer forma, claro que há sempre uma parte que falha um bocadinho.

- Aproveita melhor as fases em que trabalha menos... Sim, claro. Mas, como disse, acho que é um mal que afecta as mulheres em geral e não apenas as que são actrizes.

- Custou-lhe perceber que não podia fazer tudo?
- Sim. Aliás, ainda hoje sei que não consegui encontrar o equilíbrio. Mas vou lidando com as dificuldades dia após dia. Quando falho em alguma coisa fico chateada, porque ninguém gosta de falhar, mas tenho de saber lidar com isso. Somos seres humanos e ninguém é perfeito.

- É de Tavira. Mudou-se para Lisboa com que idade? Tinha 16 anos e vim sozinha, mas tinha a meu favor o meu pai ser de Lisboa e a minha avó ter cá casa.

- Mudou-se para casa da sua avó? Não, aluguei casa. Sozinha? Não, fiquei a viver com uma colega e foi aí que comecei a achar que era independente, apesar de na verdade continuar a depender dos meus pais.

- Como foi a adaptação a Lisboa? Já conhecia e foi fácil, até porque tinha a certeza de que queria estudar e ser actriz. Descobri que havia uma escola de teatro profissional e passei a viver a sensação de estar perto de realizar os meus sonhos. Foi uma fase em que eu achava que tudo me era permitido. Achava que tinha sempre tempo e que conseguia fazer tudo.

- Como foi lidar com as saudades da família? Não senti saudades. Ia a casa muitos fins-de-semana e passava sempre lá as férias. Hoje sinto muito mais as saudades. Sou uma mulher com mais responsabilidades e é mais difícil estar próxima da minha família.

- Como é que a família reagiu à sua decisão de viver em Lisboa?
- Reagiu muito bem. A única coisa que me disseram foi que esperavam que eu conseguisse ser tão mulher para vir para Lisboa como se um dia fosse preciso voltar para casa deles.

- Eles aceitaram bem a sua vontade de ser actriz?
- Sim, aceitaram. Os meus pais sempre me apoiaram nas minhas escolhas, apenas tiveram sempre o cuidado de mostrar que para atingir os objectivos era preciso trabalhar muito.

- Lembra-se do que sentiu quando fez o seu primeiro trabalho?
- O primeiro trabalho que fiz foi em publicidade. Não falava, mas senti uma alegria que não se explica.

- Sempre foi de convidar familiares e amigos para irem ver as suas peças de teatro?
- Só as pessoas mais chegadas, porque sempre fui muito contida. Aliás, sempre me senti muito mais confortável a trabalhar sem conhecer ninguém do público.

- O que mudou em si com a maternidade?
- Muitas coisas. Muitas vezes dizemos que imaginamos o que é ser mãe, mas a verdade é que tudo muda. Tudo o que pensamos deixa de fazer sentido e acabamos por nos ver a fazer coisas completamente diferentes. Um filho é um ser que amamos acima de tudo e que fazemos de tudo para que seja feliz. Isso faz com que haja um grande sentimento de responsabilidade.

- Aprendeu o que é o amor incondicional?
- Sim, sem dúvida. Deixei de ser o centro e de dar tanta importância às minhas coisas, porque existe uma pessoa que passou a ser a verdadeira prioridade da minha vida.

- Acha que a Francisca é parecida consigo? É, em termos de personalidade. É muito faladora, muito extrovertida, muito comunicativa e sempre a querer viver mais qualquer coisa.

- Considera-se uma mulher realizada? Não, acho que ainda tenho muito para aprender. Acho que se me sentisse realizada, a vida perdia a piada toda. Todos os sonhos que ainda tenho por realizar dão--me força para viver melhores momentos e experimentar cada vez mais sentimentos diferentes. A minha maneira de ser faz de mim uma insatisfeita por natureza.

- Que momentos são esses? São momentos de família, de paixão, de realização profissional. Tudo porque a felicidade e a vida para mim são isso.

- É uma mulher de grandes paixões?
- Sim. Acho muito importante viver a paixão e penso que devemos lutar para construir momentos românticos. Temos de fazer para que as coisas aconteçam. Sou apaixonada pela paixão, porque é intensa, mas também sei que é fugaz e rapidamente desaparece. Por isso, acabo por defender os grandes amores, porque só eles fazem com que seja possível superar o que nem sempre é fácil.

- Tem medo de alguma coisa?
- Tenho, tenho muito medo de não estar cá para a minha filha. Tenho medo de morrer, mas não da morte em si, tenho medo de morrer porque tenho medo de não poder acompanhar a minha filha. O temor que tenho é de perder as pessoas que mais amo e de não estar cá para elas.

- Voltar a ser mãe faz parte dos seus planos?
- Sim, mas não para já. A nível profissional há coisas que quero fazer, que acho que não seriam possíveis se eu ficasse grávida agora. Se neste momento sinto que queria dar mais atenção à Francisca, com outra criança seria terrível. De qualquer forma, também acho que não existe um momento certo. Se acontecer, aconteceu.

- Mas fala com o Abel Xavier [namorado] sobre isso?
- Falamos sim mas, como disse, é uma questão de achar que não é a melhor altura.

- Como caracteriza o seu namoro?
- É, acima de tudo, uma relação muito calma no que é preciso, ou seja, ao nível da amizade, dos princípios e da confiança. Sabemos aceitar bem as diferenças um do outro, mas também posso dizer que temos momentos de muita paixão. É o equilíbrio entre a calma e a intensidade da paixão que fazem com que a nossa relação dure.

- Sente-se uma mulher feliz?
- Acho que a felicidade é, acima de tudo, um conjunto de momentos em que nos sentimos bem e felizes e eu trabalho muito para conseguir ter esses momentos com quem mais amo.

PERFIL: Oceana Basílio nasceu a 19 de Janeiro de 1979. Actualmente integra o elenco da novela ‘Rosa Fogo' (SIC) e mantém um romance com o ex-futebolista Abel Xavier.
Fonte: Vidas

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