sexta-feira, 6 de abril de 2012

Entrevista a Débora Monteiro, actriz de "Dancin' Days"

A atriz volta à televisão para encarnar uma 'stripper' na versão portuguesa de 'Dancin'Days' que se estreia, na SIC, em maio. Sem pudores, a mulher do Norte volta aos papéis sensuais e tem a aprovação do namorado, Miguel Mouzinho.
A caminho de Dancin'Days, na SIC, significa que já passou por todos os canais (Tempo de Viver, TVI, e Pai à Força, RTP1). Ter percorrido todas as estações é privilégio ou sinal de mercado laboral incerto?
Pode querer dizer as duas coisas. Privilégio mas também insegurança. A partir do momento em que decidi que queria ser atriz, sabia que poderia ser assim. Dá mais vontade de lutar e tentar a minha sorte para fazer vários projetos.
Como lida com a ansiedade de poder não ter trabalho para o mês que vem?
Tenho de saber gerir o meu dinheiro. Apesar de o trabalho como ator não ser constante, se calhar quando trabalhamos é mais remunerado do que noutras profissões.
Sente-se bem paga?
Sinto que sou bem remunerada para o trabalho que faço.
Sonha com um contrato?
Não vou dizer que sonho com um e não sei se será assim tão bom. É claro que é bom, não quer dizer que um dia não possa aceitar, nunca estive nessa situação. Mas vendo lá de fora e ouvindo as críticas, o facto de um contratado terminar uma novela e logo começar noutra pode cansar a imagem e não dá para fazer a diferença nas personagens e para se fazer a preparação.
A forma como o mercado português trabalha não permite isso?
Claro que gostava de saber que tenho sempre trabalho garantido, mas na realidade tenho tido sorte por todos os trabalhos que fiz terem sido projetos em que me pude preparar. É uma mais-valia porque consigo ver a minha evolução desde que comecei.
O que vê quando olha para trás?
Vejo o primeiro projeto [Tempo de Viver] e acho que poderia ter feito muito melhor.
Envergonha-se?
Não, mas achei que podia fazer melhor. Mesmo a voz de miúda (risos) é diferente.
Sente estigma por vir do mundo da moda?
Talvez tenha sentido no início, mais uma carinha bonita. Mas agora não. Tenho mostrado que consigo fazer o meu trabalho.
Quem é bonita trabalha o dobro ou metade?
Trabalha pelo dobro. Aliás, acho que toda a gente tem de trabalhar pelo dobro.
Mas ter um cara bonita facilita...
Claro que se sentir isso vou tentar mostrar que consigo fazer muito melhor do que aquilo que estão à espera.
Sempre quis ser atriz?
(risos) É engraçado porque em miúda via mais séries e filmes. Não via novelas. Lembro-me da Tieta, doRoque Santeiro.
Sente responsabilidade acrescida por fazer um remake de Dancin'Days, um êxito?
Sinto a responsabilidade acrescida porque a minha personagem foi criada para esta novela e pelo facto de ser uma novela portuguesa em parceria com a TV Globo e na qual quero mesmo mostrar que sou capaz, quero fazer bem o meu papel e dar o melhor.
Acha que a novela a levará a dar o salto para o Brasil?
Quem sabe... eu gostava!
Sonha trabalhar no Brasil?
O Brasil, por exemplo, é uma possibilidade, se surgir uma oportunidade...
Que personagem vai fazer?
Vou ser a Cátia, uma mulher bonita que, sem ser convencida, tem objetivos definidos. Ela quer ser atriz, famosa, mas não é má que tente passar por cima dos outros, é apenas um sonho que tem. Trabalha durante o dia numa loja de bolos e tem uma vida dupla. À noite, trabalha como stripper.
Vai voltar a ser uma mulher sensual. Em Tempo de Viver era uma acompanhante de luxo, agorastripper. Há estereotipização?
Sinto que me dão por norma papéis de mulher glamorosa, bonita, sensual, mas cada personagem tem a sua personalidade, elas são diferentes entre si.
Quer fazer sempre isto?
Não, queria fazer outras coisas. No Último a Sair [RTP1] mostrei que as mulheres bonitas podiam ser divertidas e dizer as verdades. Tive a oportunidade de gozar com o facto de ser uma mulher bonita.
Já começou a ter aulas de striptease?
Estou a ter aulas com uma professora, mas não é nada fácil. Isto de se sermos bonitos e sensuais, não quer dizer que tenhamos muita sensualidade na dança e nos gestos. Estou a aprender ser sensual, o que poderia ser mais simples do que está a ser.
Falta-lhe desinibição?
Não, felizmente não tenho esse problema, o que me ajuda. Mas a nível de gestos, os olhares, caminhar, tudo isto, mexer no cabelo... A moda ensinou muitas poses, mas o movimento é outra coisa.
Sente-se à vontade para fazer strip na TV?
Sim, nunca fui muito preconceituosa em relação a exibir o corpo, à sensualidade. Uma das coisas que aceitei ao ser atriz foi ter definido que o meu corpo é o meu instrumento de trabalho.
Perde trabalho em televisão se não fizer essa cedência?
Não quero chamar-lhe cedência. Quando recebo o guião e vejo que a personagem é stripper e se a aceito fazer, sei que tenho de usar o meu corpo.
Como preparou a família para este trabalho?
Não tive de preparar. Conhecem-me, sabem como sou e que faço o meu trabalho.
Como preparou Miguel Mouzinho, seu namorado?
Não tive de preparar.
Ele está à vontade?
(Sorriso) Sim.
O que a fez apaixonar-se pelo Miguel?
Bom... O que posso dizer é que decidimos assumir porque não temos de andar escondidos. Estamos juntos, namoramos, vemos que é uma coisa séria e, pronto, somos namorados. Fazemos a nossa vida normal como toda a gente faz.
Como se gere essa vida normal sob o olhar da imprensa?
Não penso na imprensa. Andar a esconder-me para quê? Se esconder vão andar atrás de mim, vou ser mais famosa? (risos) Não faz sentido, não sei porque é que as pessoas o fazem. Não tenho de andar a aparecer em todo o lado, vivemos normalmente.
O Miguel teve uma relação anterior com grande projeção na imprensa [com Rita Pereira]. Teme comparações?
Não estou a pensar na imprensa.
Já vivem juntos?
Não.
Vão viver?
Quem sabe, um dia...
Quer casar?
Não tenho por objetivo casar...
E ter filhos?
Quero ser mãe, já sou tia. Tenho quatro sobrinhos e a mais velha acompanhou-me mais porque na altura ainda vivíamos perto.
O Último a Sair mudou a sua vida profissional em quê?
Foi uma rampa, já estava há algum tempo parada e ajudou-me. Desde aí tenho tido a sorte de poder fazer outros projetos.
Foi uma espécie de renascimento para o espaço mediático?
Podemos dizer que sim. Foi o cortar com a ideia da mulher bonita: pude gozar comigo, com a minha pronúncia do Norte.
Bruno Nogueira está a preparar um novo trabalho para a RTP. Voltaria a participar?
Voltaria, com todo o prazer. Foi o projeto mais feliz da minha vida.
Participaria no reality show?
Não, porque é muito fácil mostrarmos o que não queremos.
Um reality iria destapá-la?
Não. Uma coisa é interpretar personagens e mostrar-me como atriz, outra é mostrar-me como sou e não é algo que me apeteça ou de que goste.
Começou aos 14 na moda, aos 19 mudou-se para Lisboa. Foi difícil?
Na altura não, achava que conseguia conquistar o mundo, fazer e acontecer (risos), mas depois é difícil não ter os amigos, a minha família. No início, aos 19 anos, era uma miúda, tinha de me sustentar. Como já trabalhava, também era orgulhosa para estar a pedir dinheiro. Vim para Lisboa porque sentia que estava a estagnar, os castings eram em Lisboa e mais valia vir viver para cá. Vim também tirar o curso de instrutora de fitness.

Entrevista retirada da revista Notícias TV, suplemento do DN/JN.

Sem comentários:

Enviar um comentário