segunda-feira, 30 de abril de 2012

ESTEVE 3 ANOS SEM PROJETOS ANTES DE "ROSA FOGO"



Irene Cruz, atriz consagrada no teatro e na televisão com anos de carreira, conta porque foi afastada de fazer televisão durante 3 anos, até ser chamada para fazer a novela da SIC "Rosa Fogo"...

Na novela Rosa Fogo dá vida a Gilda Azevedo Mayer, uma mulher que já sofreu muito e que perdeu dois filhos. Revê-se nesta personagem de alguma forma?
Não é que não tenha tido sofrimentos na minha vida, mas foram menores do que os da Gilda. Não sou empresária, não sou uma senhora cheia de dinheiro, pelo contrário vivo do que ganho. Se trabalho mais, ganho mais, se trabalho menos, ganho menos. Em relação à humanidade, revejo-me porque ela vê as pessoas como gente e não como coisas, porque é assim que deve ser... o dinheiro não é nada. E esta mulher, apesar de ter um fausto de vida, é uma pessoa que entende o ser humano. Nos primeiros episódios identifiquei a cor da personagem e a sua musicalidade e depois segui o ritmo... e eu via a cor da Gilda muito violeta. Apaziguadora e acolhedora, amava as pessoas que a circundavam e cuidava muito bem dos empregados.


Mas falávamos sobre o facto de ter estado três anos fora do pequeno ecrã...
Três anos parecem longos, mas passaram rapidamente. E aconteceu não ter projetos nem na TV nem no teatro. Na televisão não sei o que aconteceu mas não me chamaram. E eu também não sou de andar a telefonar às pessoas para as lembrar que existo. Eu existo, as pessoas sabem que há uma atriz chamada Irene Cruz que até não representa mal de todo e é só comunicar que, se eu quiser, estiver livre e me apetecer, digo que sim. Não sei explicar esses três anos.









Nesse tempo que esteve afastada, teve medo de nunca mais ser chamada para a televisão? Até porque isso já aconteceu a alguns atores com uma longa carreira...
Pois. Eu fazia um exame de consciência, que é este: eu tenho a minha maneira de estar no trabalho. Sou uma trabalhadora, oiço os outros, digam eles barbaridades ou coisas acertadas. Depois, tiro as minhas ilações, as coisas acertadas fixo mas as disparatadas não aceito. Não sei tudo, mas sei alguma coisa mais que alguns outros. E quando esses outros querem dar ordens eu oiço, mas não ligo. Oiço porque sou uma pessoa bem-educada e depois dou a volta por cima. Mas depois há pessoas que dizem coisas nas nossas costas em relação a nós. Aqui há alguns anos tinham inventado que eu rejeitava as novelas porque achava que fazê-las não era digno...

E alguma vez pensou que fazer novelas não era digno?
Nunca, e até é uma barbaridade. Quando soube isto comecei a transmitir o contrário nas entrevistas porque há sempre quem oiça e quem leia. Até que alguém me telefona e eu digo: até que enfim que alguém me convida, porque eu estava a ser posta de parte pela maledecência de uma pessoa. Nada melhor para afastar alguém do que dizer mal de alguém. Disseram coisas horríveis da minha pessoa... foi muito grave. Fiquei com a vida muito complicada.

Mas sentiu-se esquecida?
Quem não aparece acaba por ser esquecido. Não devia acontecer com todas as pessoas porque eu já cá ando há muitos anos e já dei provas mais do que provadas daquilo que sei fazer. Mas nesses três anos senti-me esquecida e perguntava-me 'porquê?'. E via colegas da minha idade a fazerem trabalhos e a repetirem-se. E pensava: 'porquê que a mim não me convidam?' Lá está, porque não se lembraram da minha existência. As pessoas da produção deviam ser mais atentas e ver o que se faz em teatro porque há muitos valores por aí que não são aproveitados.

Fonte: Noticias TV






















































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