sábado, 28 de abril de 2012

IRENE CRUZ FALA SOBRE A EXPERIÊNCIA EM "ROSA FOGO"


O seu núcleo tinha uma carga emocional muito forte. Confrontos com as netas e um impostor que se fazia passar por seu filho. Como é que lidou com isso?
Consigo separar as coisas porque sou atriz há 53 anos, portanto tenho essa obrigação. Em teatro é mais perigoso porque encarnamos a mesma pessoa todas as noites. Em televisão vivemos as personagens em instantes e em bocadinhos. Tanto faço cenas do episódio 20, como a seguir faço do episódio 40. A dificuldade aí é perceber a trajetória da personagem, perceber a sua identidade, como dizer as frases e que condimento colocar... o sentimento do instante. E é por isso que temos uma folha com a trajetória da personagem, mas são pequenas análises de cena a cena que nos dão algumas dicas. No início leio os episódios de fio a pavio, depois começo a ler apenas as minhas cenas.

Qual é o truque para não se deixar abalar pelo percurso das suas personagens?
Quando as personagens são mais ferozes para a minha sensibilidade, tenho um ritual: chego ao camarim e levo muito tempo a despir a roupa, a tirar os acessórios... e como tenho um duche no meu camarim vou para debaixo dele e limpo a minha alma! Depois olho ao espelho, vejo a Irene e digo: 'a ver se não te magoas muito'. Aprendi a pôr o coração de parte. A entregar o meu coração à personagem no momento exato, mas não o da Irene.

Qual tem sido o feedback deste seu trabalho?
Começou logo no estúdio, porque vejo logo pelas caras das pessoas se estão agradadas ou não em relação ao trabalho que estou a fazer e esse é o meu público imediato. Mas o feedback que vem do exterior é o mais importante porque é para essas que eu trabalho. E tem sido muito bom, é muito agradável ouvir as coisas bonitas que as pessoas me dizem. Eu, ao ver-me, ponho sempre imensos defeitos, porque acho que pode ser sempre melhor. Não está mal, mas tenho a mania das perfeições.

Esteve três anos parada antes desta novela. Porque ficou afastada da TV tanto tempo?
Aconteceu. Não tenho contrato de exclusividade com nenhuma estação... Nunca me propuseram, mas eu prefiro mesmo ser independente.

Consegue identificar algum motivo para nunca ter assinado um contrato?
Sou uma pessoa muito independente. A partir de um determinado momento da minha vida tornei-me assim em todos os aspetos. Mas se alguém me oferecesse...não sei, tinha de ser pensado. Se monetariamente compensasse, talvez pensasse nisso...

Isso nunca aconteceu?
Não... talvez porque mostrei sempre esta minha faceta. Em todo o caso, não tenho agente nenhum. Não tenho nem quero... mal ou bem vou fazendo os meus negócios. Mal, porque não sei negociar. Mas estou feliz comigo própria e sinto-me bem assim...

Entretanto, as gravações já terminaram. Foi um trabalho cansativo?
Dormia duas horas por noite porque também estava a fazer uma peça. Chegava a casa perto da uma da manhã, mas o sono não vinha logo. Aproveitava sempre antes de adormecer para dar uma olhada nos textos porque ajuda a fixar. E muitas vezes vinham-me buscar às 7 e eu, às 5, já estava acordadérrima porque para já não posso acordar e andar à pressa. Tenho de ter o meu tempo para tratar de mim e dos meus meninos, que são os meus cães, para dar-lhes carinho e festinhas. As 5 e meia, punha-me a olhar outra vez para os textos para voltar a fixá-los porque decorar 20 e tal cenas por dia não consigo. Porque somos humanos, não somos máquinas, embora às vezes as pessoas pensem que somos [risos]. Mas eu tenho a mania que tenho de ser perfeita, depois enervo-me e começo a bloquear.

Fonte: Noticias TV
























































1 comentário:

  1. A Irene Cruz é uma grande actriz!

    A personagem «Gilda Mayer», que ela desempenha na perfeição, consegue vários cambiantes, como só os bons artistas conseguem!
    Tanto mostra uma inflexibilidade, que chega a tocar a frieza, como quando despede o «Agostinho»...como se mostra terna e sensível com as suas netas, a pequenina «Matilde» e a «Maria».

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