"SIC OPINIÃO" - TANTO DINHEIRINHO

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O product placement, em português "colocação de produto", é uma forma ardilosa que a indústria televisiva encontrou de tornear a crise e, com isso, ganhar mais dinheiro. Para os menos familiarizados com este conceito, trata-se da utilização de marcas comerciais e mensagens publicitárias na narrativa de uma ficção ou durante um programa de entretenimento. É publicidade, mas supostamente integrada na lógica da mensagem não publicitária. Uma integração que se deseja tão suave que não seja ostensiva. O problema é que esses limites não estão bem definidos. E quando são ultrapassados, a coisa soa a intrusiva.

Começa a haver demasiados exemplos na televisão portuguesa. Tão descarados que o espectador questiona-se "Quanto é que estes tipos terão pago para aparecer?". E isso não é bom. Nem para o programa em si, nem para a mensagem publicitária, que deixa de ser espontânea e credível, nem, sobretudo, para a marca.

Na nova temporada de Ídolos, as referências publicitárias multiplicam-se a cada cinco minutos. Dir-me-ão que é um bom sinal, porque reflete o interesse que o talent show da SIC desperta no mercado. É verdade, mas neste domingo a estratégia foi completamente intrusiva, nada suave.

Em uma hora de programa, vimos carros coloridos a andar de um lado para o outro junto ao CCB (um dos patrocinadores do programa é uma marca automóvel, com carros de cores vivas e berrantes), vimos tisanas distribuídas a granel e colocadas estrategicamente em cima da mesa do júri, com a referência à marca espalhada pela sala de espera dos concorrentes, vimos auscultadores azuis vivos com o T de uma conhecida operadora de telemóveis e vimos o serviço music box da mesma operadora introduzida na mesma sala. Não acham que é de mais para uma noite só?

CRÓNICA DE TV, por Nuno Azinheira, em Diário de Noticias