Aguinaldo Silva: 'Somos cada
vez mais lindos, mas bastante discutíveis moralmente'
O autor revela que se encaixa no tema principal de "Fina Estampa" e conta através de que personagens dará sua opinião... O que
vale mais: a aparência ou o caráter? O caráter, é claro, você deve responder
prontamente. Mas ao olhar em volta e até para si mesmo perceberá que a questão
não é tão simples assim. O dramaturgo Aguinaldo Silva fez esse exercício e, ao
descobrir o peso das aparências decidiu escrever a novela "Fina
Estampa".
O próprio autor confessa não ser o que aparenta e
revela ter criado uma “persona” para vencer a timidez e falar o que pensa. Em
“Fina Estampa” algumas de suas opiniões estarão nas falas de Paulo (Dan
Stulbach), Tereza
Cristina (Christiane Torloni) e Griselda (Lilia
Cabral), personagens que, como os demais da trama, mostrarão suas verdadeiras
faces ao público ao longo da história de “Fina Estampa”.
O desejo de abordar o tema principal da novela “Fina Estampa” - (ninguém é só o que parece ser) - surgiu após alguma experiência pessoal?
Aguinaldo Silva – “Como tudo em minhas novelas, surgiu da leitura diária dos jornais, revistas e sites, que mostram que no Brasil existe uma verdadeira obsessão pela aparência, em detrimento do caráter. Somos cada vez mais lindos fisicamente, mas moralmente somos bastante discutíveis. Se esta exacerbação da aparência em detrimento dos outros valores continuar, onde é que chegaremos? Achei que era a hora de colocar essa questão diante dos telespectadores”.
Mas você também se inclui nesse tema? O Aguinaldo é o que parece ser?
“Sou a pessoa mais tímida do universo, e os que me leem acham que sou atrevidíssimo. Ou seja, eu não sou o que aparento, apenas criei uma ‘persona’ que fala por mim. Mas não deixo que essa ‘persona’, que na verdade não sou eu, se liberte de mim e caia solta no mundo. Eu a controlo. Sei até onde ela pode ir e não deixo que ela tente voos solos”.
Em “Fina Estampa” todos os personagens passarão por essa questão: aparência x caráter? Ou terão aqueles cujo caráter é indubitável?
“Até mesmo Griselda passará por essa questão. Depois que ficar rica, ao ver que continua sendo humilhada devido a sua aparência, ela resolve se tornar uma mulher sofisticada, capaz de fazer inveja até a Tereza Cristina. O problema é que, na medida em que se transforma fisicamente, ela também vê sua visão do mundo transformada. Nasce aí a dúvida: ela gosta mais de ser essa nova mulher ou prefere aquela de antes? Algo me diz que ela não abandonará de vez a antiga Griselda... Ou deixará de ser a nossa heroína”.
Em suas novelas normalmente há um personagem que é o seu alter-ego, através do qual você expõe sua opinião. Quem é esse personagem em “Fina Estampa”?
“Dessa vez tentei me dividir mais pelos personagens, não há um especificamente que eu possa nomear meu alter-ego. Talvez o mais próximo de mim seja o Paulo. Mas o fato é que tanto Griselda como Tereza Cristina, os dois principais opostos da novela, também têm muito de mim”.
Você já afirmou que o bom vilão, assim como o bom herói, agem por uma causa que será defendida ao longo da trama. O que você pode contar sobre a causa que irá justificar as atitudes de Tereza Cristina e de Griselda?
“Griselda tem uma causa digna de um verdadeiro herói, que é ser sempre fiel a si mesma em qualquer situação. Ela quer ver os filhos encaminhados e para isso dá tudo de si. Trabalha de sol a sol e nunca reclama, pois acha que o trabalho dignifica. Já Tereza Cristina, por ter nascido rica, acha que é sua missão no mundo provar a superioridade dos que tiveram berço. Ela acha natural viver de aparências e nunca se mostra como verdadeiramente é, mas sim como se espera que seja uma mulher de sua estirpe."
Em “Fina Estampa”, as personagens femininas se destacam. Há, inclusive, uma família só de mulheres composta por Vilma (Arlete Salles), Letícia (Tania Khallil) e Carolina (Bianca Salgueiro). Você se considera um autor feminista?
“Tenho personagens masculinos muito fortes. Inclusive um que só entra no final do primeiro terço da novela, o Pereirinha (José Mayer), marido de Griselda, que sumiu estranhamente há quinze anos e volta em circunstâncias ainda mais estranhas. Mas não é segredo para ninguém o quanto gosto de escrever sobre mulheres, por uma razão muito simples: elas estão em um processo de mudança que vem dos anos 60 e continua até hoje, e isso me fascina. O homem é o que é há décadas, mas as mulheres mudam a cada ano. São, por isso, personagens riquíssimas”.
Fonte: TV Globo
O desejo de abordar o tema principal da novela “Fina Estampa” - (ninguém é só o que parece ser) - surgiu após alguma experiência pessoal?
Aguinaldo Silva – “Como tudo em minhas novelas, surgiu da leitura diária dos jornais, revistas e sites, que mostram que no Brasil existe uma verdadeira obsessão pela aparência, em detrimento do caráter. Somos cada vez mais lindos fisicamente, mas moralmente somos bastante discutíveis. Se esta exacerbação da aparência em detrimento dos outros valores continuar, onde é que chegaremos? Achei que era a hora de colocar essa questão diante dos telespectadores”.
Mas você também se inclui nesse tema? O Aguinaldo é o que parece ser?
“Sou a pessoa mais tímida do universo, e os que me leem acham que sou atrevidíssimo. Ou seja, eu não sou o que aparento, apenas criei uma ‘persona’ que fala por mim. Mas não deixo que essa ‘persona’, que na verdade não sou eu, se liberte de mim e caia solta no mundo. Eu a controlo. Sei até onde ela pode ir e não deixo que ela tente voos solos”.
Em “Fina Estampa” todos os personagens passarão por essa questão: aparência x caráter? Ou terão aqueles cujo caráter é indubitável?
“Até mesmo Griselda passará por essa questão. Depois que ficar rica, ao ver que continua sendo humilhada devido a sua aparência, ela resolve se tornar uma mulher sofisticada, capaz de fazer inveja até a Tereza Cristina. O problema é que, na medida em que se transforma fisicamente, ela também vê sua visão do mundo transformada. Nasce aí a dúvida: ela gosta mais de ser essa nova mulher ou prefere aquela de antes? Algo me diz que ela não abandonará de vez a antiga Griselda... Ou deixará de ser a nossa heroína”.
Em suas novelas normalmente há um personagem que é o seu alter-ego, através do qual você expõe sua opinião. Quem é esse personagem em “Fina Estampa”?
“Dessa vez tentei me dividir mais pelos personagens, não há um especificamente que eu possa nomear meu alter-ego. Talvez o mais próximo de mim seja o Paulo. Mas o fato é que tanto Griselda como Tereza Cristina, os dois principais opostos da novela, também têm muito de mim”.
Você já afirmou que o bom vilão, assim como o bom herói, agem por uma causa que será defendida ao longo da trama. O que você pode contar sobre a causa que irá justificar as atitudes de Tereza Cristina e de Griselda?
“Griselda tem uma causa digna de um verdadeiro herói, que é ser sempre fiel a si mesma em qualquer situação. Ela quer ver os filhos encaminhados e para isso dá tudo de si. Trabalha de sol a sol e nunca reclama, pois acha que o trabalho dignifica. Já Tereza Cristina, por ter nascido rica, acha que é sua missão no mundo provar a superioridade dos que tiveram berço. Ela acha natural viver de aparências e nunca se mostra como verdadeiramente é, mas sim como se espera que seja uma mulher de sua estirpe."
Em “Fina Estampa”, as personagens femininas se destacam. Há, inclusive, uma família só de mulheres composta por Vilma (Arlete Salles), Letícia (Tania Khallil) e Carolina (Bianca Salgueiro). Você se considera um autor feminista?
“Tenho personagens masculinos muito fortes. Inclusive um que só entra no final do primeiro terço da novela, o Pereirinha (José Mayer), marido de Griselda, que sumiu estranhamente há quinze anos e volta em circunstâncias ainda mais estranhas. Mas não é segredo para ninguém o quanto gosto de escrever sobre mulheres, por uma razão muito simples: elas estão em um processo de mudança que vem dos anos 60 e continua até hoje, e isso me fascina. O homem é o que é há décadas, mas as mulheres mudam a cada ano. São, por isso, personagens riquíssimas”.
Fonte: TV Globo
Sem comentários:
Enviar um comentário