segunda-feira, 30 de julho de 2012

Audiências: 29 de Julho - Final de 'Ídolos 5' perde para a concorrência


O último programa do concurso das imitações da TVI foi visto por 1, 630 mil espectadores, enquanto 923 mil pessoas seguiram a última gala do talent show da SIC.
A terceira temporada de 'A Tua Cara Não Me É Estranha' chegou ao fim e foi o programa mais visto do dia. O concurso conduzido por Manuel Luís Goucha e Cristina Ferreira fez 40,5% de share mas chegou a ter picos de 48,5%.
A final da quinta edição do 'Ídolos' , da dupla João Manzarra/Cláudia Vieira, registou 24,7% share, só que chegou a alcançar picos de 33,5%. Ficou no terceiro lugar do top 15.

DN












Diogo Piçarra é o novo ídolo de Portugal!




O jovem de Faro sucede a Sandra Pereira no "quadro de honra" do programa da SIC. Mariana Domingues, da Maia, ficou em segundo lugar. Vanessa da Mata, Buraka Som Sistema e Miguel Araújo atuaram na gala.

Diogo Piçarra, de 21 anos, natural de Faro, é o vencedor da edição de 2012 do concurso Ídolos , da SIC. Na final disputada ontem à noite, nos estúdios de Paço de Arcos, o jovem algarvio suplantou a maiata Mariana Domingues, de 17 anos. 
A última gala começou com os ex-concorrentes num medley de canções dos Queen, ao qual se juntaram as vozes do dois finalistas. Mais tarde, seria a vez de um homenagear Amy Winehouse, com um medley de canções do segundo (e último) álbum da malograda cantora londrina.

Na última gala, Piçarra interpretou "Nothing Else Metters", dos Metallica, e "A Máquina", dos Amor Electro, enquanto a adversária, Mariana Domingues, escolheu "Thriller", de Michael Jackson, e "Flutuo", de Susana Félix. Os dois finalistas cantaram, em dueto, "Don't Let The Sun Go Down On Me", de Elton John.

Seguiram-se duetos com a primeira convidada especial da final, Vanessa da Mata, que dentro de dias estará no festival Sudoeste TMN: Diogo juntou a sua voz a "As Palavras"; Susana interpretou "Ai, ai, ai..." com a cantora brasileira.

Enquanto decorriam as votações, outros convidados especiais foram alvo das atenções: os Buraka Som Sistema apresentaram "(We Stay) Up All Night", que motivou em Pedro Abrunhosa alguns discretos passos de dança. O grupo português rumou esta madrugada aos Estados Unidos, para encetar uma digressão.

Também antes da revelação dos vencedores, o cantor/compositor Miguel Araújo (dos Azeitonas, agora a solo) apresentou uma das canções mais ouvidas nos últimos meses no éter nacional, "Os Maridos das Outras".

Diogo Piçarra gravará um disco pela Universal, vai frequentar um curso de música em Londres e recebeu um carro Opel Corsa Go.




Blitz

domingo, 29 de julho de 2012

Ricardo Pereira diz que "a SIC vive um momento muito positivo"


O "portuga", que regressa em breve à ficção da SIC em 'Dancin' Days', revela que depois do Brasil vai apostar nos mercados espanhol e norte-americano. Frontais e decididos, os olhos verdes que conquistaram a Globo são transparentes quando falam do caminho. E aos 32 anos o ator sabe exatamente de onde vem e para onde quer, ao lado da mulher, Francisca, e do filho, Vicente, caminhar...

Em Dancin'Days vai ser Salvador [pai de Mariana, interpretada pela atriz Joana Ribeiro], uma personagem-chave na novela.
A personagem é chave, sem dúvida. É o pai da Mariana, o ex-amor da Júlia [Joana Santos], que seguiu a vida dele, que teve o seu percurso e já tem a sua família. Passados vários anos, ele volta a encontrar-se com a pessoa com quem teve um romance e de que resultou uma filha, mas a vida deles não caminhou junta. A personagem já é, por si só, bastante conflituosa no sentido em que tem uma série de questões à sua volta bastante interessantes.
O que acha da novela, seja como produto televisivo português, seja como remake de um dos maiores êxitos da Globo?
Os resultados estão aí. É o primeiro lugar em audiências, vem no seguimento da aposta da SIC na ficção, numa espiral ascendente, de cada vez fazer um produto melhor que agrade ao telespectador. Sinto-me feliz e honrado por fazer parte do crescimento da ficção da SIC. Foi uma aposta que fiz há uns anos, quando me mudei para a estação. Era provavelmente dos únicos, senão o único mesmo, ator contratado e toda a gente me questionou. Eu vinha da TVI, então porquê a mudança? Acho que agora começa a fazer sentido para algumas pessoas. Os projetos têm sempre um princípio, e são dolorosos. As coisas não têm de ser logo "chegar, ver e vencer'" Fui muito feliz na RTP e na TVI, e desde a minha mudança para a SIC que acreditei.
Foi o primeiro a acreditar?
Fui um dos primeiros.
Na altura [2005], percebeu qual era a visão da SIC para a ficção?
Fiz o Jura, depois passei por FloribellaPerfeitoCoração, fiz várias participações em séries, projetos apoiados pela SIC que foram preponderantes para a estação voltasse a ter ficção. Só tenho elogios a fazer aDancin'Days. Vem no seguimento de outra coprodução com a Globo que também foi um sucesso. Laços de Sangue ganhou um Emmy, assim como Meu Amor da TVI. Acho que estamos no caminho certo da nossa ficção e Dancin'Days representa uma evolução de Laços de Sangue. Sinto-me muito honrado por participar na novela.
Trabalha em televisão há 11 anos e passou pelos três canais. Como analisa o estado atual da ficção?
Estamos a viver uma fase diferente, de muita consciência na forma de gastar. E não é só na televisão, é no nosso dia a dia. Eu sinto isso, todos os portugueses acabam por sentir. Embora passe muito tempo fora do País, eu sou português, a minha vida é aqui. Há uma maior consciência do dinheiro que se pode gastar e continuamos a conseguir ter uma grelha bastante dinâmica. Isso vem no seguimento daquela máxima de que o português faz muito bem com muito pouco. E isso é transversal. Nós sempre fomos assim.
No tempo das "vacas gordas", a ficção nacional não ganhava Emmys e agora ganha.
O que prova que fazemos bem em qualquer circunstância. Ou procuramos, com aquilo que temos, fazer o melhor. E isso é nas mais variadas áreas. Eu lembro-me de que, nos tempos da escola, não tínhamos orçamento para viagens de estudo, então, um ia vender rifas, o outro pedia ao amigo um patrocínio... Há uma geração muito pró-ativa em Portugal que não se acomoda. Mesmo com pouco consegue fazer maravilhas. Acho que é isso que temos conseguido manter na televisão, mesmo numa fase em que a redução da publicidade afeta os orçamentos.
Dancin'Days tem ganho várias vezes a Louco Amor (TVI) nas audiências. Acha que os formatos das novelas da TVI estão a esgotar-se?
A televisão tem momentos cíclicos, e isso é comprovado. Acho que aquilo que se faz na TVI é muito bom, e aquilo que se faz na RTP, num outro modelo, também é bom. Tenho visto coisas na TVI bastante interessantes e que me seduzem muito. Mas, obviamente, sinto que há um respirar novo nas novelas da SIC e isso tem-se consumado na curiosidade do espectador em mudar para ver o que é. É bom.
Paralelamente, temos assistido ao retorno de um interesse do público português nas novelas da Globo. Como explica que os portugueses tenham voltado a apaixonar-se pela ficção brasileira?
Acho que as histórias voltaram a ser mais familiares. O que são novelas? São produtos que têm de trazer ao espectador uma certa proximidade, um lado familiar em que elas se possam rever. As novelas da Globo recuperaram isso. Para a SIC que tem uma parceria com a TV Globo, há já muitos anos, é muito bom. Acho que a SIC vive um momento muito positivo, muito alegre. Respira-se muita alegria, e isso é bom.
Respira-se esperança?
Já é mais do que esperança. Quem como eu está na SIC há muitos anos, sabe perfeitamente que tem tudo que ver com o trabalho desenvolvido por muitas pessoas que por lá passaram. E eu, que passei por todas as direções de programas, tenho sentido sempre uma vontade de trabalhar e de querer chegar a algum lado. Nunca nada está conseguido. Há um caminho e está a dar bons resultados.
Quando é que começou essa estratégia? Foi com Francisco Penim?
Todas as direções de programas tiveram a sua importância, e estou a ser mesmo sincero. Dei-me lindamente com todos os diretores que passaram pela SIC e todos, uns com mais outros com menos sucesso, tiveram êxito em algum período da sua passagem pela direção de programas. Pelo menos, contaram sempre com o meu empenho a 200%. E todos sabem do que estou a falar.
A TVI nunca lhe ofereceu um contrato de exclusividade?
(pausa) Isso são questões que guardo para mim. Quando trabalhei na TVI, acho que a estação não tinha contrato de exclusividade com ninguém.
Mas não fizeram um esforço para o Ricardo ficar?
Na altura, lembro-me de que fui trabalhar para uma novela da Globo e a questão ainda estava muito embrionária nas televisões. Depois disso, quando a vida mudou, quando eu comecei a ser exclusivo de um canal, obviamente que fui sondado várias vezes por outras estações para mudar de ares. Mas isso são coisas que guardo para mim e paras as pessoas que, na altura, sabiam o que estava a acontecer. Fui sempre frontal com os canais com que trabalhei.
"Quando cheguei à Globo não percebi bem que ia ser protagonista. Era muito miúdo na altura"
Chega à Globo em 2004 e é logo protagonista de Como Uma Onda. Foi um choque entrar no star system brasileiro?
Comecei a trabalhar muito novo, o que fez que me tornasse um jovem atípico. A responsabilidade entrou dentro de mim muito mais cedo do que é normal nos jovens. Isso fez que eu tivesse de fazer escolhas nas horas para me divertir e nas horas para trabalhar, para estudar, para alcançar determinados objetivos. Isso fez que eu começasse a ver o mundo e a nossa área de forma diferente. Quando cheguei à Globo não sabia que ia fazer um protagonista. Lembro-me de que, quando cheguei e me deram esse papel... eles já sabiam... para mim já era tão bom ir para a Globo fazer uma novela que não percebi que ia fazer o protagonista. Era muito miúdo na altura. Entrei no lugar certo, na hora certa, no papel certo, com um grupo de atores que também estavam a dar os primeiros passos, como a Aline Moraes, o Cauã [Reymond], a Maria Fernanda Cândido... Fui inserido num elenco muito bom, que me fez crescer imenso, e foi um dos motivos que fizeram que eu tivesse continuidade de trabalho no Brasil. E, depois, era a primeira vez que a Globo tinha um protagonista que não era brasileiro. Isso criou um zunzum imenso à minha volta.
Houve algum momento em que se sentiu deslumbrado com o que estava a viver?
Acho que não. Uma das coisas que sempre fiz foi provocar-me a mim mesmo para a minha carreira ser o mais transversal possível. O que mais amo é, todos os dias, fazer uma coisa diferente. Isso tem que ver com a minha inquietude. A minha carreira tem-me dado boas surpresas e eu não me posso deslumbrar. Tem que ver com a minha educação familiar. Somos pessoas iguais a todas as outras. Não somos estrelas, as estrelas estão no céu. Isso não me fez deslumbrar na altura em que cheguei à Globo e tinha o Brasil, de certa forma, disponível para me oferecer um bocadinho de tudo. Tudo na vida tem um momento para acontecer, e pode ser efémero, pode ter continuidade. O importante é perceber o que é e digerir da forma que se tem de digerir.
Como foi o primeiro impacto com a imprensa brasileira, que é muito mais agressiva do que a portuguesa?
Tenho uma excelente relação com a imprensa brasileira, muito boa mesmo! Temos profissões que precisam uma da outra, que encaixam uma na outra e, obviamente, devemos respeitar-nos. Quando assim acontece, a relação é incrível. Não acho que a imprensa brasileira seja mais agressiva do que a portuguesa. Existe é muito mais porque é um país maior.
Mesmo quando vai à praia com a sua mulher e tem paparazzi atrás de si?
É uma relação perfeita! São supercorretos, foram-no quando tive o meu filho [Vicente, de oito meses], são-no quando vou à praia e fazem paparazzi. Isso deixa-me muito feliz.
Há alguém na Globo que seja seu mentor?
Muitos! Tive a oportunidade de, no último ano, conhecer a Glória Pires bastante bem, foi uma pessoa muito importante. O Tony Ramos, desde o primeiro minuto que cheguei, tem sido um padrinho. A Laura Cardoso, o Edson Capri, com quem, por coincidência, fiz todas as novelas. Diretores também: Mauro Mendonça Filho, Dennis Carvalho, Roberto Talma, Vinicius Coimbra... tenho várias pessoas que têm sido muito importantes na minha vida dentro da Globo. Fui muito bem recebido e continuo a ser. É engraçado. Eles já me entendem como um deles. Isso deixa-me super-honrado e muito feliz.
Com qual dos autores das novelas que fez na Globo lhe deu mais gozo trabalhar?
(pausa) Todos. É difícil escolher. É engraçado... há muitos atores que nem sequer chegam a conhecer os autores. Eu tenho uma relação próxima com todos e com muitos autores da Globo. Eu sou um curioso, gosto de trabalhar. Acho que dá para ver na minha cara. As pessoas que me conhecem sabem muito bem disso, os autores com quem trabalhei sabem-no mais ainda e os com quem não trabalhei, como sabem que sou um interessado, tenho altas conversas, grandes "papos" com eles, em jantares, em encontros, em casas de amigos. Cada um tem um género. Em resposta à sua pergunta, dou graças a Deus por ser um privilegiado por trabalhar com pessoas tão talentosas.
Sempre manteve, em paralelo com a representação, a apresentação, com programas como oExclusivo e o E-Especial. Todos os atores dão bons apresentadores?
Não. Garantidamente, não.
E o contrário?
Também não. Não estou a dizer que sou um extraordinário ator ou um extraordinário apresentador, não gosto de me avaliar. Faço uma autocrítica constante através do visionamento posterior daquilo que faço. Critico para melhorar. Mas acho que um bom ator não tem que ser necessariamente um bom apresentador e vice-versa. Mas pode acontecer.
A representação dá-lhe mais prazer?
Acho que isso é claro, mas são coisas diferentes. Dá-me muito prazer desfilar, ainda hoje, por exemplo. Adoro apresentar programas ao vivo! No Brasil, tenho começado a apresentar bastantes. A apresentação tem um bichinho que mexe muito comigo, mas a representação é a minha vida, é o que tenho feito mais vezes e é o que me ocupa mais.
Como é a sua ligação contratual com a SIC e a Globo? Tem obrigatoriedade de fazer X novelas cá e lá?
Tudo o que tenha que ver com o foro contratual, deixo para mim e para as pessoas com quem celebro os contratos. Uma coisa que lhe posso dizer é que o mercado português e o brasileiro estão cada vez mais próximos. E eu, devido à experiência que tenho, acabo por ser um embaixador dos dois mercados. E vai continuar a ver-me na SIC e na Globo. É uma relação que existe e vai continuar de forma intensa e cada vez mais presente.
Porque é que muitos atores portugueses, como Joana Solnado, Carla Andrino, Nuno Lopes, Maria Vieira, Marina Mota, tentaram vingar na Globo mas só o Ricardo perdurou?
A Maria [Vieira] já fez duas novelas. A Joana [Solnado] fez uma novela porque não quis continuar no Brasil, onde foi superbem recebida. Não é não quis continuar, seguiu a carreira por outros lados. O Paulo Rocha está a fazer a segunda novela, a Maria João Bastos fez duas novelas... Eles adoram todos o Brasil, a Maria João adora, o Paulo gosta imenso... e depois houve outros atores que estiveram lá apenas por um trabalho, como Paulo Pires, Marina Mota, Nuno Lopes. Sempre com imenso sucesso. Se calhar, eu apaixonei-me mais pelo Brasil. Decidi passar lá uns tempos, a minha mulher também se apaixonou, se calhar, aquilo tem alguma ligação com os meus antepassados e cativa-me... e também acho que o Brasil me acolheu de outra maneira, o que fez que eu quisesse dividir a minha carreira entre lá e cá.
Há muita gente do meio que diz que as piores novelas da Globo nunca são tão más como as portuguesas...
Não sei o que isso quer dizer. Prefiro nem sequer opinar sobre isso. Tudo é bom. Tudo é um caminho. Porque é que você faz uma coisa num determinado momento? Porque é que não prefere olhar para a sua vida e dizer "num determinado momento fiz uma coisa que hoje não me vejo a fazer, mas ela foi importante naquele momento". Eu prefiro olhar para as coisas assim
"Tenho de fazer incursões nos dois lugares [EUA e Espanha]. depois, vamos ver a qual deles tenho de me dedicar mais"
Foi no Liceu Camões [atual Escola Secundária de Camões, em Lisboa] que nasceu a sua paixão pelo teatro?
(sorri) Foi! Ainda outro dia me convidaram para voltar lá e falar sobre a minha vida profissional. Ainda não consegui marcar, mas quero ir! Foi lá que iniciei a minha vida no teatro e foi lá que me iniciei verdadeiramente como ser humano. E o teatro começou com o convite de um amigo meu para ir ver um grupo de teatro amador. Eu já era manequim na altura e gostei de conhecer aquilo. Seduziu-me.
Que tipo de aluno era?
Bastante razoável, assim como na faculdade. Devo ter média de 15, faltam-me duas cadeiras para acabar o curso [de Psicologia], e a monografia. É um sonho acabar o curso, espero terminá-lo. Na escola não estudava muito, mas o meu pai sempre disse "já que andas na escola, passa o tempo bem. Aprende".
Era o líder, o que passava despercebido ou o que se enturmava com toda a gente?
Sempre usei muito a psicologia, mesmo não sabendo o que era. Mas o meu pai sempre me disse também que a psicologia do senso comum é sempre importante, se calhar, melhor até. Ou seja: era o que tinha de ser na altura que tinha de ser.
Como conjugou a escola e a faculdade com a carreira de manequim?
A faculdade era perto do aeroporto, assim era fácil. E eu gosto de ler, gosto de estudar. Quando não podia ir às aulas, tinha colegas que me ajudavam bastante e me passavam os apontamentos. Ainda hoje leio muito. Eu lia tudo, e às vezes aquilo chegava. E tenho uma boa capacidade de argumentação. Gosto de escrever também e a Psicologia assim o exigia.
O que é que escreve?
Tudo. Tudo o que me vai na cabeça.
E quando é que vai partilhar isso com o público?
Já partilhei algumas coisas. Brevemente, irei partilhar outras coisas.
Tendo começado a sua carreira como manequim, quando é que sentiu que o começaram a levar a sério como ator?
Nunca sofri desse estigma. Sempre me levaram a sério como ator. Temos de encarar todos os momentos da nossa vida de forma humilde. Não podemos chegar e achar que sabemos. Temos de saber ouvir. Saber ouvir as pessoas mais velhas é muito importante. Eu comecei a trabalhar muito como manequim e depois comecei a fazer muita publicidade. E isso exigia de mim mais acting. Então, comecei a procurar fazer formação. A partir daí, comecei a profissionalizar-me mais. Passei muitos anos no teatro infantil, numa companhia chamada Magia e Fantasia, e isso deu-me algum traquejo.
Nas novelas, as suas personagens são sempre o bom da fita. Preocupa-o que comece a haver uma linearidade nos seus papéis em televisão?
Em Laços de Sangue já não foi e Os Mistérios de Lisboa, em que faço um vilão daqueles. Muito bom. Mas não tenho preocupação em relação a isso. Na televisão, que é uma linguagem diferente da do cinema e do teatro, eu tenho realmente vivido muito esses papéis. Adoro. São bastante complexos de fazer, se calhar até mais complicados do que um vilão.
Se agora interpretasse um antagonista numa novela, o público ia ficar chocado?
Não, mas seria um bom desafio. Fica no ar.
A Globo é a sua única vontade de internacionalização ou gostava de experimentar Hollywood?
Ainda faltam dois passeios bons: ver as praias da Califórnia e comer umas tapas em Espanha.
E tem esses passeios planeados?
Obviamente que sim, irão acontecer, vamos ver em que circunstância, mas passa por um futuro bem próximo. Tenho de fazer incursões nos dois lugares. Depois vamos ver a qual deles tenho de me dedicar mais.
Pela forma como fala da sua carreira, parece que nada é feito ao acaso.
Levo o trabalho muito a sério. Respeito muito onde ganhamos o pão, o nosso sustento primordial. E a coisa que mais me realiza profissionalmente é ser ator. Obviamente que quero experimentar o mais possível esta carreira. Depois, amo viajar. Tenho este espírito meio nómada, a minha mulher também, então será muito mais fácil eu mudar de lugar, de vida, porque só entendo isso com a minha família atrás. Porquê ficar sempre no mesmo lugar?Embora eu goste de ficar quieto, também gosto de me mexer. Vamos ver.
Quando está no Brasil, pensa no português de cá ou de lá?
Nos dois. Já são duas línguas diferentes para mim.
Acha que os brasileiros o veem como um embaixador de Portugal?
Não sei, tem de fazer essa pergunta a brasileiros. Acho que me veem como o "portuga", uma referência dos portugueses.
Para o nível de vida brasileiro, considera-se rico?
Não. Sou uma rica pessoa. Sou trabalhador.
Continua a ser benfiquista ferrenho?
Doente! Não imagina quantas vezes já acabei com a minha sociedade com o Benfica este ano por causa dos desaires sucessivos! Quantas vezes a camisola já voou e disse que nunca mais a ia buscar... quantas vezes disse "nunca mais vou ver nenhum jogo". Vejo todos. Procuro reunir-me com alguns benfiquistas lá no Rio [de Janeiro]. Continuo a ser doente e esta época é que vai ser!
O que é que o Rio de Janeiro lhe ensinou?
A aproveitar melhor o dia, a viver mais a vida.

Notícias TV

sexta-feira, 27 de julho de 2012

João Seilá, ex-concorrente de "Ídolos" faz 'cover' de Tony Carreira


João Sei Lá publicou no YouTube a sua versão de "Sonhos de Menino". O cantor já reagiu e quer fazer um dueto com o ex-concorrente do concurso.


João Sei Lá, ex-concorrente e quarto classificado da atual edição de "Ídolos" (SIC) está a dar que falar no YouTube pela versão que compôs e interpretou de "Sonhos de Menino", original de Tony Carreira, também ele jurado do concurso.
A versão acústica do jovem cantor já conta com mais de dez mil visualizações no site de partilha de vídeos, em dois dias.
O próprio Tony Carreira, já reagiu à cover de João Sei Lá, na sua página do Facebook e deixou um convite ao ex-concorrente. "Senti-me lisonjeado [...]. Gostei muito. Como referi, ao longo do programa, és um rapaz verdadeiro e com muito talento. Não percas nunca as tuas características genuínas. Fico a aguardar o teu convite para cantarmos juntos esta tua versão da canção".

Audiências: QUINTA-FEIRA, 26 DE JULHO

O dia de ontem ficou marcado por mais uma vitoria de Dancin' Days frente a todos os programas da televisão portuguesa. Apesar do forte horário nobre que a SIC parece já ter consolidado, existem outros dois problemas a solucionar e esses são sem dúvida "Querida Júlia" e "Boa Tarde" que, ontem, obtiveram, 14.2% e 12,3% de share, respectivamente. Consulte os vários dados disponíveis:

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quinta-feira, 26 de julho de 2012

"OLHAR A SIC" - FÉRIAS


Boa Noite! Seja bem-vindo ao "Olhar a SIC".


Durante meses foi possível “Olhar a SIC”, abordando os mais variados temas, criticando ou elogiando as opções da SIC para a sua programação, e até dando sugestões para a programação.

Agora chegou o momento de algum descanso e umas merecidas férias…

Deste modo, a rubrica “Olhar a SIC” vai de férias por algum tempo. Depois, o seu regresso será previamente informado aqui no SIC Blog.

Desejo umas boas férias também a todos os seguidores e visitantes do Blog! Até breve.

João Rodrigo



Marco Delgado a caminho da SIC?


Após ter sido sabido que Marco Delgado, actor da TVI, tivera estado na "Festa de Verão da SIC", a imprensa iniciou rumores de que o mesmo estaria a caminho da estação de Carnaxide. 


Agora é o próprio a dar continuidade a esses rumores, através da sua páginal pessoal da rede Facebook, onde uma amiga lhe questiona sobre a possibilidade de mudança de "camisola" e o mesmo deixa como resposta um simples "LOL".


O que acha sobre essa possível contratação?

Júlia Pinheiro fala sobre confronto entre novelas da SIC e as da TVI


Nas últimas semanas a novela da SIC tem vindo a conquistar mais espectadores e até já ganhou alguns dias a 'Louco Amor', TVI. Júlia Pinheiro diz que um dos sucessos da novela está nas protagonistas, Soraia Chaves, Joana Santos e Joana Ribeiro. "Temos uma tripla que está a agitar o público", atira.

Dancin'Days poderá devorar a hegemonia das novelas da TVI." A previsão é de Júlia Pinheiro, diretora de Conteúdos da SIC. As vitórias da novela sobre Louco Amor, da concorrente TVI, são uma espécie de trampolim para a estação de Carnaxide recuperar a liderança das audiências. "É uma questão de tempo", diz, sem sombra de qualquer dúvida.

Júlia Pinheiro, ex-diretora de Formatação de Conteúdos da TVI, reconhece também que "a falta de frescura" das novelas da TVI estão a fazer fugir o público para outro canal, mais precisamente a SIC. "Estávamos consciente de que Dancin'Days ia fazer bons resultados e liderar, mas não esperávamos que fosse tão cedo", esclarece.

A diretora de Conteúdos da SIC prossegue: "Não me fica bem falar dos produtos dos estimados concorrentes, só que todos já perceberam que as novelas da TVI estão com um problema." E aponta o dedo: "As novelas da TVI parecem um pouco antigas. Falta-lhes frescura. O problema está na repetição das tramas. Uma nova história não pode ser copy paste de uma história antiga bem-sucedida".

TVI não está preocupada
Fonte da TVI que solicitou o anonimato defende que Louco Amor "continua no primeiro lugar" e que, por isso, "não deve haver razões para a direção de programas se preocupar". Sobre as críticas de Júlia Pinheiro, a mesma fonte prefere "esperar pelas próximas semanas" para ver os resultados.
Dancin'Days estreou-se a 4 de junho último e liderou com 1,372 mil espectadores, mas já chegou perto do milhão e meio, número já atingido mais do que um dia por Louco Amor. Para Júlia Pinheiro a luta no horário nobre mostra que a SIC "tem um produto muito forte". Um dos sucessos, segundo a responsável, está nas escolha das protagonistas, ou seja, Soraia Chaves, Joana Santos e Joana Ribeiro. "Temos uma tripla que está a agitar o público. A miúda [Joana Ribeiro] foi um achado."
A responsável pelos novos formatos da estação de Carnaxide destaca ainda outros "detalhes" que fazem que Dancin'Days "pise os calos" à concorrência e leve o público a espreitar a trama. "A produção da SPTV e Globo é fantástica, o Manuel Amaro da Costa faz um excelente trabalho como coordenador do projeto e o Pedro Lopes fez uma adaptação primorosa da história do Gilberto Braga. Nós trabalhamos muito bem cada produto", afirma.
A fonte da TVI que fala à Notícias TV revela que já teve oportunidade de ver Dancin'Days e reconhece "tratar-se de um bom produto". Porém, prefere não se alongar mais nos comentários "aos produtos da concorrência".
Júlia Pinheiro realça, no entanto, que não é apenas Dancin'Days que está "a morder os calcanhares" à TVI, mas outras novelas brasileiras que são emitidas pelo canal da Impresa. "A FinaEstampa é magnífica. O Astrotem muita qualidade e depois recua na nossa memória", destaca.


'Gabriela' em Setembro
A diretora de Conteúdos da SIC prevê que em setembro, com a estreia das novas aposta da estação, as audiências sejam ainda melhores para os lados de Carnaxide. O grande trunfo é o remake de Gabriela, atualmente no ar no Brasil. "Vai ser um produto fortíssimo. Vamos todos ficar de cara à banda", promete.
E Júlia Pinheiro remata: "A qualidade dos produtos é muito importante. O público quando reconhece que uma novela tem qualidade, vai ver. Isso é o que está a acontecer no horário nobre com Dancin'Days e não temos dúvidas de que será assim também com Gabriela". A SIC tem ainda na calha a série brasileira AvenidaBrasil, igualmente com a marca da Globo.
A TVI prepara também a estreia de uma nova novela para o outono, que tem o título provisório de Lua de Papel. A trama é de Maria João Mira, a mesma argumentista de Anjo Meu.
NotíciasTV tentou obter declarações de José Fragoso, diretor-coordenador de Programas e Informação da TVI, que se mostrou indisponível por se encontrar fora do País. Bruno Santos, diretor adjunto, manteve-se incontactável.

Margarida Carpinteiro afirma que autores de novelas estão "falta de imaginação"


Começou por brincadeira e pelo desejo de experimentar algo de novo. Acabou por se deixar levar pelo amor à representação que hoje encontra traduzido em 17 novelas e mais de vinte peças de teatro. Pensa reformar-se mas não afastar-se da arte, que alimenta há quase 40 anos.


Em Dancin'Days, da SIC, interpreta Ester Galvão, uma mulher com origens judaicas. Como se preparou para a interpretar?
Falei com um professor de hebraico, judeu, da comunidade Israelita de Lisboa, que me ajudou com algumas expressões. Mas não é nada oficial. A comunidade judaica é, por muitas razões e com toda a razão, uma comunidade fechada e por isso sabemos muito pouco. Claro que não faço um papel de uma mulher judia ortodoxa. A Ester tem as suas convicções, mas afastou-se da sinagoga e de um percurso mais próximo da sua... não digo religião, mas maneira de estar na vida. É uma mulher muito passiva, que dá uma grande importância à família. Para os judeus a família é um um pilar. É uma coisa que acho maravilhosa.
É uma personagem que tem alguma coisa que ver com a sua maneira de estar na vida?
Só se for no facto de gostar da família e de gostar de estar com quem gosta e só com os seus. Aí temos muito que ver uma com a outra. E tentar fazer o melhor. Não é fazer bem, é fazer o melhor. Isto é muito judaico e eu tentarei sempre fazer isso. Bem é pouco, melhor será ótimo.
Dancin' Days é a segunda novela da SIC coproduzida pela SP Televisão e Globo e também a segunda que interpreta depois de estar muito tempo na Plural e na TVI. O facto de Laços de Sangue e Dancin'Days terem a mão do gigante da ficção brasileiro é a receita do sucesso destas produções?
Não lhe posso dizer que é da Globo. Não posso dizer que há mais qualidade só por causa da Globo. Penso que a SP tem aí um papel também muito importante. Acho que é uma parceria que resulta. Deu provas nosLaços de Sangue e está a começar a dar com esta novela. As pessoas, tanto quanto ouço na rua, estão a começar a gostar.
Júlio César, seu colega de elenco, disse há dias ao DN que estava muito satisfeito com as audiências e muito feliz por, pela primeira vez, a ficção da SIC estar a "morder os calcanhares" à da TVI...
São coisas próprias das novelas, vamos lá ver [como corre]. Acho que são precisos êxitos. É bom para os atores e para o público. Sobretudo para os atores. É importante que sejam reconhecidos. E também é bom para quem escreve. Isso é o mais importante para mim: uma boa escrita é uma boa novela.
Nos últimos tempos temos assistido a uma proliferação de remakes no que diz respeito às novelas, tanto portuguesas como brasileiras. Foi Vila FaiaO AstroDancin' Days... Atrevo-me a perguntar se os autores estão com falta de imaginação?
E eu atrevo-me a dizer que sim, que se calhar é um bocado falta de imaginação. Durante anos e anos a novela baseou-se em ricos, pobres, maus e bons. A vida não é isso. Pode haver um rico maravilhoso e um pobre horrível. E os amores não têm de ser a três. A novela bateu-se sempre por isso. É tudo igual.
Provavelmente por ter sido uma fórmula de sucesso.
Provavelmente. Mas é uma fórmula que se está a esgotar. As pessoas querem mais e estão mais informadas, não é? As pessoas que veem novelas gostam, provavelmente, de ver nelas espelhados os seus problemas. Esta novela que estamos a fazer não é uma novela com historieta. Dancin' Days tem vários problemas de família. Não há praticamente uma personagem principal. Ou duas, ou três, ou quatro, ou cinco. Quando atua aquele núcleo, ela passa a ser a personagem principal porque a sua história é forte. É um pouco inovador, se quisermos. E isso agrada-me bastante. Já era tempo de a novela ser inovadora.
O sucesso das novelas da SIC pode também ter que ver com esse esgotamento e falta de inovação nas novelas emitidas pela TVI?
A isso não posso responder porque não vejo novelas. Vejo o meu papel, e só às vezes, para saber como é que vai.
Como vai em termos de cronologia da trama ou para saber como vai a sua prestação?
Para saber como vou. Se bem que acabo sempre por nunca gostar. Nunca me agrada.
Faz parte do leque de atores que não gosta de se ver, que por acaso é a maioria.
E ainda bem, senão, era muito fácil ser ator. É preciso estarmos muito atentos a nós próprios, sem atitudes de grande estrela que não interessam a ninguém. Nem ao próprio. E andar para a frente sempre a tentar melhorar. Aprende-se sempre muito até ao fim da nossa carreira.
No seu caso deve ter aprendido muito logo no início, quando interpretou uma prostituta na primeira novela portuguesa, Vila Faia [em 1982]. Foi um papel forte.
A Mariette foi um papel assustador. Na altura a prostituição era tabu. Quem é que falava de prostituição? Tive algum medo. Medo mesmo. Mas depois tive grandes amigos a apoiar-me: o Nicolau [Breyner], as pessoas que estavam ligadas à produção. Toda a gente me ajudou e isso foi meio caminho andado para eu ter conseguido ter confiança em mim mesma e avançar. E não me arrependo.
Apesar de isso ter acontecido já nos anos 1980, depois do 25 de abril de 1974, ainda se sentia a censura em televisão?
Se calhar sentia-se como se sente agora (risos). Não a sinto no que toca ao que está escrito, aos argumentos. Mas é provável que a haja. Pelo menos vemos isso nos jornais. É outro tipo de censura.
O que mudou na ficção portuguesa desde essa altura até agora?
A técnica. As câmaras, a luz, o que os técnicos sabem. E a preocupação com a escrita. E os próprios atores. Havia atores que tinham uma maneira de falar um bocado teatral e tudo isso mudou.
Gostava de voltar a fazer um programa de humor, área em que se destacou ao lado de Herman José, nos anos 1980?
Adoraria. Até porque gosto muito mais de fazer séries do que fazer novela. A novela é muito cansativa, são muitas horas. A SP tem uma coisa boa que é repartir o dia de trabalho: de manhã vem um grupo de atores e à tarde vem outro e isso é ótimo. Mas às vezes é necessário trabalhar doze ou mais horas. É isso que me faz ter um respeito enorme e uma admiração profunda pelos técnicos, que normalmente trabalham 12 horas por dia. Trabalham no duro.
Há cerca de um ano, disse que o humor na RTP deveria ser "reduzido a um único e bom programa".
E ainda acho isso. Sou da opinião que uma boa noite de humor resulta mais do que 30 concursos e pode ser uma forma de informação tremendamente positiva.
O que é uma boa noite de humor?
É uma noite em que você aceita rir-se da sua própria sociedade, mas sem patetice, sem vulgaridade. Sem vul-ga-ri-da-de, que estamos fartos. A crítica política... Meu Deus, estamos em liberdade. A crítica política, a crítica a atitudes de poder político e a outros, a essa feira tremenda de vaidades. O humor é extremamente saudável quando é bom. Faz bem às pessoas que se estão a rir mas estão a ouvir coisas que entram na sua cabeça mais facilmente.
Era isso que acontecia na época em que fez O Tal Canal, o Hermanias, o Casino Royal com Herman José?
Sim, sim. Não porque eu estive lá, mas porque o Herman, na altura, era um (silêncio) genial humorista. A crítica que fazia à própria televisão, com O Tal Canal, depois a crítica de costumes. Todos os programas que ele fez eram excelentes. Excelentes mesmo.
Estado de Graça, que passa na RTP em horário nobre, é um bom exemplo desse tal "único e bom programa" de humor?
É ótimo. Aliás, tem lá duas mulheres fabulosas. A Ana Bola tem um humor fantástico. A Maria Rueff não conheço enquanto pessoa, só enquanto atriz. Trabalhei muitos anos com a Bola e ela é uma extraordinária humorista. É aquele tipo de pessoa capaz de se rir dela própria e isso é muito bom, saudável. É uma forma inteligente de se observar.
E o Herman continua a ser um genial humorista ou essa genialidade que atribui aos programas que ele escreveu e protagonizou na década de 1980 perdeu-se com o tempo?
Eu não sei se a genialidade alguma vez se perde. (silêncio) Talvez aconteça é não se saber usá-la tão bem. Pode ter que ver com a sociedade de hoje, pode ter que ver com os tempos. Os tempos evoluíram muito e as coisas mudam tanto... Com a minha idade, que já é bastante, é muito claro para mim que o que se diz hoje não tem validade amanhã. Nem sequer é correto. As coisas evoluem de uma maneira... eu ia dizer trágica (risos).
Pode dizer, se é isso que pensa.
Evoluem ao ponto de nos obrigar a ter um comportamento diário de atenção, de vislumbre do que será amanhã. Hoje estou a dizer isto, como é amanhã? Há que ter o pensamento em dia.
As coisas têm mais consequências?
Sem dúvida alguma. Até porque há liberdade e quando a há tudo o que eu faço toca quem está comigo e quem está comigo toca-me quando toca na minha liberdade.
Essa atenção redobrada que diz que tem de ter não se torna desgastante?
Pode tornar-se, mas é o viver em liberdade, em harmonia com os outros. Viver não é uma brincadeira. É uma maravilhosa dádiva não sei de quem e há sempre que ter em conta os outros, em primeiro lugar, até porque os outros também sou eu, e aí entra a tal história do que é que eu estou a dizer, do que é que os outros me dizem, como é que eu vou funcionar perante as situações em que me encontro, o que me rodeia, o que me pressiona. Não podemos viver só para nós, não é possível. Nesta altura nem os monges devem conseguir viver só para eles e para Deus (risos). Provavelmente têm de viver para uma sociedade e pensar nela mais do que nunca.
Quando diz que a vida é uma dádiva mas não sabe de quem, quer dizer que não é uma pessoa religiosa?
Digamos que sinto religiosidade, mas não vou dizer que acredito que está ali Deus para me castigar ou para me beneficiar. Fui educada na religião católica, mas não me diz de facto... o comportamento diário dos católicos não me diz nada. Lamento.
Como se costuma dizer, tem a sua própria religião?
Nem é isso. É ter uma religiosidade intrínseca que faz parte de mim. Que sem querer, quando olho para a natureza, me faz parar o pensamento, me faz repensar. Sinto-me bem entrar num templo, católico ou outro. Fazem-me bem esses espaços de inquietação, de silêncio e de paz. É uma necessidade do ser humano, penso que não sou só eu a tê-la. Mas dizer que vou ali rezar uma ave maria, não...
Fala muito do silêncio e dos outros. É sempre assim tão ponderada? Nunca perde a cabeça?
Perco a cabeça muitas vezes. Sou extremamente emotiva, zango-me com muita facilidade. Não sou é capaz de odiar. Não era capaz de viver com ódio.
E perde a cabeça com o quê?
Quando as coisas podem ser bem feitas e não o são, com os políticos, que já não sei se são empresários se são políticos. Perco a cabeça com... eu nem sei se a palavra existe, mas com o desvairamento de leis que se mandam para a rua sem serem devidamente pensadas, com as vaidades, com a estupidez emplumada... Não sou uma pessoa boazinha. Apenas tento pensar no que faço, senão, andava aí à estalada.
Perde-a com casos como o da licenciatura de Miguel Relvas que tantas manchetes de jornais tem feito nas últimas semanas?
Esse caso é estranho. Para lhe dar uma resposta rápida, digo-lhe que é um caso péssimo e que o homem já devia ter ido "à vida". Uma resposta mais pensada, pergunto-lhe: Quantos Relvas há? Portanto, quem fez o Relvas foi o Relvas, quem lhe deu o papel foi alguém. E esse alguém, se calhar, devia também sair.
"Quase passei fome para fazer teatro"
Voltando à televisão, um dos canais da RTP pode ser alienado...
Confesso que me faz alguma impressão. Eu pergunto: neste momento, qual é a diferença entre o canal RTP e os outros? Não sinto muitas. Não há preocupação cultural. Não se ouve um concerto na estação principal, não se ouve uma entrevista, ou são raras, a individualidades da cultura. Fala-se muito que os portugueses não são cultos. Não é preciso ler muito, mas é preciso ao menos saber que há gente que escreve, que há gente que pinta. Que as coisas existem. Vemos estes programas da RTP aí pela província... é deplorável. É uma tristeza. Passamos a vida a elogiar chouriços? E paios? E azeites? E não há uma hora para um bom concerto de um português que apareceu, gente nova com tanto talento? Pronto... eu nem sei dizer se faz falta um canal ou não, sei que estou farta de que a RTP não tenha serviço público.
A RTP não faz serviço público?
Não faz nenhum. A não ser que eu não saiba o que é serviço público.
O Governo criou, há cerca de um ano, um grupo de trabalho para a definição do conceito de serviço público.
Então é tempo de o definirem. Mais do que tempo. Estão até um bocadinho atrasados.
Continua a ter vontade de parar de trabalhar em televisão?
Continuo. Eu olho para trás e vejo os grandes atores que acabavam no palco com um respeito imenso das pessoas. Hoje não. Falo de mim. Sinto-me desgastada por ser obrigada a fazer constantemente televisão, porque senão não tenho dinheiro para viver. O teatro aparece às vezes, eu não tenho fortuna pessoal, vivo e sempre vivi daquilo que ganho e vejo-me obrigada a aceitar sistematicamente [papéis em TV]. Penso "vou aceitar porque não sei o que vem aí". Nós, os atores, nunca tivemos nada de nada. Nós pertencemos à cultura e nos países pobres e ignorantes a cultura é assim: não tem espaço. Nunca tive subsídio de Natal ou de Páscoa ou lá como são essas coisas. Não tenho, não sei o que é. Nem eu nem os outros atores. E damos a vida por isto e chegamos ao fim com reformas ridículas, com um desgaste tremendo e sem oportunidades. Vai-se para a televisão.
Faz televisão para sobreviver?
Com certeza. A televisão é a minha sobrevivência. Quando comecei era a minha paixão. Larguei o meu emprego [no Ministério de Assistência Social] para ser atriz. É muito complicado ver uma paixão acabar em profissão. E uma profissão que desgasta e da qual eu começo a estar farta. Porque me apetece é ir embora para a zona da Beira Baixa e, de vez em quando, fazer uma peça de teatro, se alguém ainda se lembrar de mim nessa altura. E pouco mais.
Foi isso que a fez mudar da TVI para a SIC? A esperança de voltar a apaixonar-se pela arte da representação?
Não. Eu na TVI ia fazer novela na mesma. Por acaso a da SIC [Laços de Sangue] tinha muita qualidade. Por acaso ou pensadamente. Foi sobretudo por causa do Jorge Marecos, que conheço há muitos anos. Saber que ele estava lá, na SP Televisão, fez que se tornasse quase obrigatório dizer que sim quando me convidaram.
Foi a primeira vez que a convidaram ou a SP e a SIC já lhe tinham lançado esse desafio?
Para fazer novela foi a primeira vez. Mas eu não tenho contrato com nenhuma estação ou produtora. Não tenho nem quero. Trabalhar sem liberdade para poder escolher o que faço seria pior ainda do que não ter dinheiro. Tenho de fazer o que quero e se me apetecer ir para a Índia durante três anos, vou. Dizerem-me "não pode"... não.
No meio do cansaço que sente ainda há espaço para o prazer no que faz?
Claro, senão não fazia mesmo. Sabe que isto de ser ator é uma coisa incrível. Depois de ter o papel - e digamos que quando ouvimos a palavra "ação" - parece que rejuvenescemos nos nossos sentimentos, na opinião que temos e damos o nosso melhor. É patético. É óbvio que quando digo que me vou afastar é muito provável que me encontre com gente que queira aprender um bocadinho de teatro amador. Teria muito gosto em fazer isso. Porque eu não quero a reforma para me sentar a fazer tricô. É uma paixão difícil.
Consegue fazer projetos para o seu futuro?
Nenhum ator em Portugal pode fazê-los. Agora há alguns que conseguem. Dizem "em 2014 vou fazer isto..." Nunca me aconteceu. Uma vez tive um convite para uma peça de teatro que era preciso aceitar com ano e meio de antecedência e eu disse que não, porque se me aparecesse um trabalho [em TV] eu teria de o fazer. Depois como era? Deveria ter dito "sim senhora, contem comigo" e depois logo se via. Acho até que hoje tem de ser assim, só que eu sou da velha guarda e isso feria a minha maneira de ser.
Fazer TV para poder ter dinheiro não é preocupante? Não saber o que pode acontecer quando um determinado projeto acabar?
Preocupa. Mas, em todo o caso, repare: o luxo não me diz nada, nunca me disse. O desaparecer deste meio também não. Nunca me disse nada, nunca procurei a fama. Vivo com muito pouco se for preciso. Adapto-me a todas as circunstâncias e sei o que estou a dizer. Não é "ah, pois, tens dinheiro e tens trabalho, por isso é que dizes isso". Já passei por coisas terríveis. Já passei por coisas mesmo muito más. Por isso sei do que estou a falar. Acho que às vezes é só as pessoas olharem à volta e terem força. Aquela energia que despendem a dizer "eu sou uma desgraçada", usem-na para a força. Eu sei que é fácil dizer isto, mas é assim que tem de ser porque a vida não nos perdoa.
Alguma fez passou fome?
Quase (silêncio). Para fazer teatro (risos). Depois, cheguei aos meus 40 e tal anos, olhei à minha volta e disse "não posso continuar a fazer só teatro".
Quando quase se passa fome onde é que se agarra?
É aí que entendemos que temos dentro de nós uma força incontrolável e que temos de a usar. É só preciso um bocado de coragem. Aí, sim, se calhar, vale a pena dizer que "amanhã vai ser melhor do que hoje".
"A televisão é uma máquina que usa, tritura e deita fora"
Como vê o facto de tantos jovens atores saírem de Morangos com Açúcar?
Foi e é uma grande escola, mas é também uma escola de ilusões. Eles aparecem e muitos perdem-se pelo caminho se se aperceberem como. A televisão é uma máquina que usa, tritura e deita fora. Não deita aqueles a quem o público sente que (pausa) vale a pena vê-los, que dão audiências.
Está a referir-se aos atores que conseguem audiências não através do seu trabalho mas do que fazem fora do ecrã?
Pois (risos)... Nestes grupos enormes em que 80 por cento se perde há 20 por cento que vão segurar isto. Há gente muito boa.
Laços de Sangue deu a conhecer ao País Joana Santos, uma atriz da escola Morangos com Açúcar.
Lá está. De vez em quando saltam de lá uns meninos como ela. Se ela tiver juízo, vai ser um monstro porque é ótima. Também teve a sorte de lhe entregarem logo um papel de grande responsabilidade. Claro que se pode ter a sorte de se receber um grande papel, mas se não se tiver talento...
Lembra-se de ter essa idade? Da primeira peça de teatro que viu?
Foi no Teatro Nacional, uma peça de Gil Vicente, e eu estava a estudar no Liceu D. Filipa de Lencastre (sorri). Tinha 17 anos.
Apaixonou-se pelo teatro?
Não. A paixão veio depois. Eu trabalhava no Ministério de Assistência Social, ali no Largo do Rato. Passava todos os dias pelo Instituto Italiano, na Rua do Salitre [Lisboa]. Uma vez vi que davam cursos de teatro, achei piada e pensei experimentar. Fiquei lá três anos com o Carlos Vieira de Almeida, que continua a ser um ótimo ator, e com a Raquel Maria que já nos deixou e foi das melhores atrizes de teatro da minha geração (silêncio). Acabei por ficar (emociona-se) e, para aí no segundo ano de teatro, o João Lourenço chamou-me para fazer parte da primeira encenação dele. Foi em 1973 e foi aí que ser atriz começou a ser uma paixão. Passado um ano e meio deixei o Ministério, deixei tudo.
Passaram quase 40 anos. Durante o seu percurso nunca pensou emigrar em busca de melhores oportunidades de vida?
Se saísse de cá acho que não voltava. Não por não gostar de Portugal, mas porque não pararia mais de viajar. Se calhar, tenho o espírito dos descobridores (risos). O nosso país é maravilhoso. Tem, por vezes, uma ingenuidade que eu amo. É belo de mais. E os portugueses são uma amálgama de seres, de maneiras de pensar. Mas não se sai de 50 anos de fascismo a trabalhar como outro povo da Europa. A primeira coisa é desacreditar no patrão, dizer "ele está a lixar-me", "ele é rico e eu sou pobre". Continua a pensar-se que os que têm dinheiro são maus.
É um povo recalcado?
Acaba por ser. Nós tínhamos medo de entrar num espaço público que é uma coisa que agora não cabe na cabeça de ninguém. E isso vai ficando. Como se ultrapassa esse medo? A fazer disparates, como estamos a fazer. E a fazer coisas boas, como estamos a fazer.
Não ter filhos por não poder mudou a sua perspectiva de vida?
Não sei se mudou, mas, se calhar, se tivesse filhos, quando passei na Rua do Salitre... hoje ainda seria funcionária pública.

NOTÍCIAS TV

quarta-feira, 25 de julho de 2012

ESPECIAL: SIC 20 ANOS

Boa Noite! Seja bem-vindo ao "SIC 20 Crescemos Juntos!" 

No ano em que a SIC comemora os seus 20 anos de existência, o SIC Blog relembra a programação da SIC ao longo destes 20 anos que... "Crescemos Juntos!"


“Até Amanhã, Camaradas” foi uma série da SIC em 2005 adaptada da obra homónima de Manuel Tiago/Álvaro Cunhal. A história retratava as lutas operárias de 1944 e o recrutamento de militantes clandestinos para o Partido Comunista. Contou com 6 episódios, com cerca de 50 minutos de duração.

Esta série marcou um regresso da SIC à produção doméstica de ficção. Nos dois dias em que emitiu o trabalho realizada por Joaquim Leitão (mas que é sobretudo um projeto do produtor Tino Navarro), a SIC quebrou a rotina da caça ao rating e transferiu-se para o mundo onde, por umas horas, se vive o sonho utópico da boa televisão. A utopia televisiva foi servida em dose algo, digamos, soviética. É interessante a SIC ter adotado formato da minissérie de dois dias, habitual na produção europeia, mas foram muitas horas por dia, a desafiar a resistência do espectador.



Quem aguentou, porém, deu o tempo por bem empregue. Se “Até Amanhã, Camaradas” queria homenagear em televisão a resistência dos comunistas à ditadura, conseguiu. Construiu uma memória imaginada do Portugal dos anos 40. A escolha dos cenários, em particular os industriais, foi notável. Os exteriores tinham uma luz e uma atmosfera idênticas, reforçando esse transporte para outra época, sublinhado por comboios, automóveis e casas rústicas onde se cozinhava à lareira. 

O casting para o elenco de protagonistas foi muito bom. Gonçalo Waddington (um Cunhal convincente) e Leonor Seixas foram muito bem escolhidos, bem como a esmagadora maioria dos atores secundários. Houve um momento formidável, a greve geral, que Joaquim Leitão filmou muito bem, ao nível dos planos escolhidos, da montagem, da direção das multidões que desfilavam em protesto, no registo épico. Foi muito bonita a entrada dos trabalhadores na fábrica; o detalhe do fumo das chaminés que se imobilizava quando a greve foi declarada cortava com o naturalismo de uma série baseada numa obra literária inscrita no realismo socialista. O retrato da violência policial foi corajoso e forte.


Leitão fez da obra um filme de ação. Mas os limites de “Até Amanhã, Camaradas” decorrem do próprio programa de partida. A obra literária foi apenas um manifesto ideológico, linear na estrutura, propondo um modelo ideal do homem comunista. Não existe conflito dramático real, nem os personagens são realistas, mas sim o produto linear de uma ideologia, que expõe situações como o papel das mulheres no PCP, mas sem problematizar. Essa foi a ilusão que este 'realismo' kitsch não quebrou. Sobra, e não é pouco, a utopia da boa TV que a série serve e muito bem.


In Diário de Noticias 2005

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