Facebook e Twitter lado a lado com a TV, "Avenida Brasil" é sucesso em todo o lado...
A página oficial de Facebook de Avenida Brasil tem, neste momento, 432 mil fãs. O último post, uma imagem com a frase "Valeu Brasil!", colocada no sábado, um dia depois de o último episódio ser emitido, bateu todos os recordes: foi partilhada 5195 vezes, teve 1262 comentários e 8950 "gosto". No Twitter, a média de menções a palavras-chave relacionadas com a novela ("Carminha", "Nina", "oi oi oi" foram as mais utilizadas) foi de seis mil por episódio, tendo esse valor escalado até às 30 mil no episódio em que Carminha foi descoberta. De acordo com o site de análise de dados das redes sociais, durante o último episódio da novela, a palavra "Carminha" teve 30 mil menções e "Nina" quase 50 mil.
José de Abreu, o Nilo da trama, foi um dos atores mais ativos na rede social durante Avenida Brasil. O ator, apoiante de Dilma Rousseff, utiliza a sua conta de Twitter maioritariamente para comentar assuntos da atualidade política, mas rendeu-se à forte interação com os seus fãs quando a sua personagem se tornou um fenómeno. "Para ver a novela é muito interessante porque tem-se um feedback imediato, sem censura. É até mais importante do que os focus groups que a Globo faz", explicou José de Abreu, que tem 65 876 seguidores na rede social.
Para além de revolucionário, o caminho que Avenida Brasil fez nas redes sociais foi um trilho de ida e volta. A produção da novela lançou desafios, teasers, provocou o internauta/telespectador. De volta, recebeu as opiniões, traduzidas não só nas formas mais básicas de interação (comentários, "gosto", partilhas), mas também a produção de conteúdos caseiros relacionados com a novela, como aconteceu com os cartazes virtuais keep calm inspirados nas frases das protagonistas, os vídeos do YouTube em que músicas funk tinham como refrão tiradas sonantes das personagens, como aconteceu com o hit da "empreguete" Zezé, "Eu quero ver tu me chamar de amendoim".
Maria Immacolata Vassallo de Lopes considera que "o público apropriou-se da novela". "A interação entre a televisão e as redes sociais é fantástica! Fala-se de telenovela nas redes sociais enquanto se está a assistir, mas também se faz produto sobre essa telenovela e coloca-se no YouTube. Feito por quem? Pelo público! É uma mistura, a televisão manda para a rede, a rede manda para a televisão. É a chamada convergência transmediática, aproveitada pelos produtos comunicativos", explica a professora da USP. Mais uma vez, e como faz questão de frisar a especialista, nada disto seria possível há cinco anos, quando o acesso generalizado à internet ainda era uma miragem no Brasil. "Como as tecnologias ficaram mais baratas e o poder de consumo aumentou, as pessoas têm acesso não só à internet no computador, mas também à Smart TV [com box]."
Olhar para os telespectadores não como recetores mas como parte do produto é, cada vez mais, o futuro do entretenimento televisivo, como afiança Rui Vilhena. "Não dá para ignorar as redes sociais. Os autores e os canais que não utilizarem esses meios vão ficar para trás", prevê o autor. Vilhena explica também que o contacto próximo de atores e autores com os fãs cria um laço capaz de alavancar audiências. "Antes, os atores viviam num pedestal distante do público. Agora, há um contacto, uma convivência virtual com esse artista, o que cria um falso relacionamento de intimidade. Mas isso reflete-se, sem dúvida, em números, cria fidelidade. As pessoas sentem-se mais próximas do artista, da obra."
A adesão dos brasileiros a Avenida Brasil fora do pequeno ecrã foi tal que, no episódio em que Nina perde as fotos que comprovam a traição de Carminha com Max (a personagem não as tinha em suporte digital), gerou-se uma avalanche de comentários, entre o jocoso e o insultuoso, sugerindo que a protagonista devia ter consigo uma pen drive com as fotografias, cenário mais lógico em 2012 do que ter as imagens apenas em suporte de papel, como aconteceu.
O autor da novela, que curiosamente não tem página de Twitter, disse em entrevista ao Facebook oficial de Avenida Brasil que os reparos dos fãs o iam fazer ficar mais atento às novas tecnologias. "Bem, se está a dizer-me que a história das fotos criou mais burburinho para a novela, será que vale mesmo deixar de ser um analfabeto virtual (risos)? Brincadeiras à parte, sei que tenho de mudar, mas continuo a achar que numa ficção é permitido criar licenças dramatúrgicas. É ficção [risos]!", brincou João Emanuel Carneiro.
Fonte: Noticias TV
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