Fernando Rocha está de volta à SIC. A eterna estrela do programa "Levanta-te e Ri" foi o escolhido para divertir o público na nova aposta de entretenimento... "Portugal em Festa".
É ator...
Imagina-se a fazer um registo diferente da comédia? "Tirei o curso superior de
Teatro na ESAP (Escola Superior Artística do Porto) e, para mim, a disciplina
de Drama era um drama. Não consigo, ou melhor, eu consigo fazer drama, as
outras pessoas é que não me veem como tal. Estava a fazer o Rei Édipo, que é uma
tragédia grega, e mesmo a interpretar uma parte extremamente dramática tinha os
meus colegas a rirem-se a bandeiras despregadas. Não me levam a sério!"
Mas não tem
vontade de mostrar outras facetas? "Tenho, mas também fico
satisfeito por me identificarem com a comédia, pois sou humorista por defeito e
não preciso de me esforçar muito para fazer rir as pessoas. Se essa é a minha
praia, então sou o verdadeiro palhaço!"
Da forma como
fala do que faz depreendo que não se imagina a fazer outra coisa... "Agora não, mas há alguns
anos não imaginaria sequer que viria a viver do humor."
E nessa altura
o que sonhava fazer? "Quando era pequenino
sonhava ser arquiteto. Tinha negativas a quase tudo, faltava às aulas para ir
ver os treinos do FC Porto, não levava mochila para a escola, mas era o melhor
aluno a Desenho e a Matemática. Mas a vida foi-se desenrolando e decidi deixar
de estudar no 9.º ano. Então, fui trabalhar e fiz muitas coisas. Trabalhei em
muitos lados, mas nunca fui malandro. Sempre arranjei empregos e nunca meti
baixa na vida."
No meio de
muitas experiências profissionais, retomou os estudos, certo? "Sim, tirei um curso de
desenhador de construção civil, que era o mais próximo de arquitetura. Já
depois de ter estado na tropa, um tio meu que é eletricista estava atrapalhado
para resolver um problema no Hospital de São João e eu ofereci-me para o
ajudar, pois um empregado tinha faltado. Fiquei assim a trabalhar com ele e fui
eletricista durante anos."
Esse percurso
inspira-o nas anedotas? "Claro, as obras da
construção civil têm histórias fantásticas".
Arrisca todos
os temas? "Não, na parte do stand up
abordo quase tudo. Só não falo de três tipo de coisas: pedofilia, desgraças
frescas e de pessoas que existem. Como dizia Charles Chaplin, " a minha
dor pode ser motivo para gargalhada. Agora, não tenho o direito de causar dor
para fazer os outros rir", portanto, não tenho o direito de ir para a
televisão mandar uma boca sobre a Teresa Guilherme, o Herman José, a Cinha
Jardim ou outra pessoa. Mas posso brincar com o penteado do Paulo Bento, por
exemplo, ou com a barriga do Fernando Mendes, ou seja, tem de haver
sensibilidade".
Quando é que
lhe deu o clique para apostar no humor como profissão? "Depois de ter sido
eletricista, fui trabalhar como eletromecânico para a CP e um colega meu
desafiou-me para contar umas piadas num bar que o filho tinha comprado na
Madalena, em Vila Nova de Gaia. Fui lá numa quinta-feira e ainda sem cachê.
Cheguei e, em todas as mesas, havia um papel a anunciar-me como animador
permanente. Falei com o dono e ele disse que me pagava... Esse foi o primeiro
clique, mas, mesmo assim, não acreditei. Ofereceu-me 15 contos por noite e eu
aceitei, ou seja, eram 60 contos extra por mês, além dos 120 que ganhava na CP.
Mas a páginas tantas veio o fulano do bar ao lado oferecer-me o dobro para eu
me mudar para o dele. Não gostei da abordagem, até porque nem sabia quanto é
que eu ganhava. Disse-lhe que ganhava 25 contos e ele subiu para os 50. Foi
quando percebi que podia ganhar dinheiro com as minhas anedotas. Não aceitei a
proposta, mas contei ao rapaz do bar onde comecei e acertámos que num raio de X
quilómetros não podia atuar, mas podia ir para Aveiro, Braga, Guimarães, ganhar
os tais 50 contos."
Foi quando
começou a conquistar Portugal... "Foi e passei a ganhar 200
contos por semana, fora os 15 do primeiro bar."
E despediu-se
da CP? "Eu queria, mas o meu pai
dizia que era maluco por deixar um emprego do Estado para ir contar anedotas,
pois ele achava que ninguém ganhava dinheiro assim. Entretanto, começaram a
construir a Casa da Música numas antigas oficinas da CP e transferiram os
trabalhadores daí para as oficinas de Contumil. Nessa altura, dispensaram quem
estava a contrato e eu era um deles. Quando subi as escadas para falar com o
engenheiro Delfim e ele disse que não me iam renovar o contrato fiquei
agradecido. Disse-lhe mesmo que me estavam a fazer um favor e o engenheiro deve
ter achado que eu não estava bom da cabeça. Agora, já deve ter percebido que me
ajudou a tomar uma decisão que eu não tinha tido coragem antes. Portanto, neste
mundo, mais vale ter sorte do que ser bom e eu tenho sorte!"
Com os
domingos na SIC e espetáculos agora no verão, em Portugal e no estrangeiro,
onde é que vai buscar energia para tanta pedalada? "Vou buscar energia à
consciência de que faço um bom papel de chefe de família há já 15 anos. Saber
que sou um bom pai dos meus filhos (um rapaz com 13 anos e uma menina com, um bom marido e saber que
aquelas três pessoas olham para mim como um anjo-da-guarda dá-me força para
continuar e não estragar o filme. Quinze anos depois, a minha mulher ainda se
ri do que digo e do que faço, e isso é bom sinal."
A situação
atual do país preocupa-o? "Preocupa-me, pois vivo
nele, tenho família, uma empresa, familiares e amigos em maus lençóis. Eu
próprio tive de baixar o meu cachê para manter o mesmo número de espetáculos e
não haver uma quebra de contratações. O bem-estar e a felicidade da minha
mulher e dos meus filhos é a minha prioridade, por isso, se continuar a
trabalhar nisto e a dar-lhes o suficiente, por mim, está ótimo. Se, por acaso,
chegar a uma altura em que isto não dá, pego na minha mala de eletricista, pois
não me desfiz dela, e vou procurar trabalho. Os meus filhos não vão passar fome
nunca, nem que tenha que ir roubar!"
Fonte: Noticias TV
Não gosto do estilo do Fernando Rocha.
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