O
campo voltou a estar na moda e não sai do pequeno ecrã, seja através da ficção
seja da informação, e já chegou ao discurso do Presidente da República. Famosos
explicam porque mudaram de vida e especialistas justificam o que leva os
portugueses de volta às hortas.
A
nova loucura em torno do regresso ao campo é uma tendência perene ou caduca? Só
o tempo o dirá... mas a verdade é que não há semana em que o assunto não seja
abordado na informação das televisões.
O coordenador de guionistas da história
produzida pela SP Televisão, Pedro Lopes, explica que a escolha do tema se deve
ao facto de "está na ordem do dia em Portugal".
As várias "modalidades" de regressar ao campo...
Numa
tendência em que nem só os anónimos regressam aos tratores, às alfaias e às
sementes, também os famosos parecem, há já uns anos, estar dispostos a trocar a
loucura da cidade pelo silêncio do campo.
Maria
João Luís, a atriz que se prepara para protagonizar a nova novela da SIC, "Ambição", que se estreia em
setembro, não se importa de percorrer com frequência os cerca de 200
quilómetros que separam a sua terra cultivada em Ponte de Sor da televisão, em
Lisboa. Acha que o regresso ao campo é uma "realidade que deve ser falada
e tratada na ficção", considerando que há uma "aproximação
maior" ao meio rural.
Porém, alerta que há duas formas de o fazer e um
mundo inteiro a separá-las. "Por um lado, tem que ver com uma vontade
muito grande de aproximação ao que é natural, saudável. É uma espécie de
chamamento da natureza, que é o meu caso e o de muita gente. Por outro, há quem
regresse devido à impossibilidade de continuar a viver na cidade. A crise
empurra as pessoas de novo para as zonas onde viveram, é um regresso de gente
que vem frustrada e vai tentar sobreviver de novo nos sítios que deixou",
especifica a atriz, que tem meio hectare de batatas e no ano passado vendeu
tomate para as mercearias locais.
Maria João Luís concilia
flores com couves, alfaces, rúcula, beringelas, pimentos. Levanta-se às seis da
manhã para regar o milho e cuidar das galinhas, patos, pavões, cães e gatos.
O
discurso do regresso ao campo é "idílico", classifica Elisabete
Figueiredo, socióloga e professora do departamento de ciências sociais,
políticas e do território da Universidade de Aveiro e a liderar o estudo Rural
Matters [o rural importa, em tradução literal] que deverá estar concluído em
2015. "É um discurso de quem é bem-sucedido, mas os desempregados que vão
viver para o campo em condições difíceis espelham outra situação, e que até
poderá ser em maior número."
Embora
não haja dados concretos sobre a "migração" da cidade para o campo e
que parece, através da televisão, ser em massa, a professora diz que há três
maneiras de abordar o movimento: "Primeiro, há um apelo político
para a necessidade de voltar ao campo e à agricultura, ainda há pouco tempo se
ouviu falar da reabilitação do programa TV Rural. Há um louvor ao campo que é
sintomático neste tempo de crise".
É aqui que o discurso do Presidente da
República, Aníbal Cavaco Silva, no 10 de Junho se inscreve porque, recorda a
sociólogo, "ele falou do regresso à agricultura e ao rural".
Fonte: Noticias TV
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