Independentemente
do crescimento da indústria de novelas, a área da cultura tem sofrido cortes
elevadíssimos. Tem sentido na pele as medidas de austeridade?
Sim, embora
ache que se sente mais ao nível das companhias de teatro do que propriamente na
televisão. Mas sim, toda a gente sente e sabe que é difícil vender um
espetáculo hoje. Agora estou a fazer uma tournée com um espetáculo que fiz no
Teatro Nacional D. Maria II, Lágrimas Amargas, e
sente-se muito isso. As pessoas querem trazer teatro às suas cidades mas não
têm como.
Face estas dificuldades, conhece atores que começam a pensar em desistir da carreira?
Acho que temos
uma característica em comum: ninguém desiste. Fazemos isto por amor à camisola
mais do que por dinheiro. E no teatro as pessoas estão habituadas a fazer muito
com pouco, o que estimula a criatividade. Não é bom, é difícil, mas acho que
ninguém vai desistir.
E a Inês já pensou desistir?
Nunca! Quero
ser atriz até morrer.
O que a aflige mais enquanto atriz?
Que não haja
uma preocupação que a cultura exista no nosso País. Aflige-me a efemeridade da
profissão porque vão existir alturas em que não vamos ter trabalho. Isso faz
que a nossa vida tenha de ser pensada em avanço. Não fazemos parte dos quadros
de uma empresa, não sabemos se nos próximos anos vamos continuar com o mesmo
ordenado ou a trabalhar. Mas já me habituei.
A sua mãe, Luísa Castel-Branco, é uma seguidora desta novela?
(A sussurrar)
Ela diz que sim, mas acho que ela grava e depois passa à frente (risos). Ela
não tem muito tempo para ver televisão.
Mas daquilo que viu, fez alguma crítica?
Ela diz-me que
há pessoas que vão ter com ela na rua para falar da Carmen. E isso faz que ela
se lembre: "Ah, tenho de ver aquilo que gravei." Mas ela é uma das
minhas maiores fãs, como todas as mães.
Tem saudades de a ver no ecrã?
Não (risos).
Acho que ela está muito melhor a escrever livros e retirada no seu cantinho.
Acho que é mais o seu perfil.
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