sexta-feira, 4 de maio de 2012

INÊS CASTEL-BRANCO: "QUERO SER ATRIZ ATÉ MORRER"


Independentemente do crescimento da indústria de novelas, a área da cultura tem sofrido cortes elevadíssimos. Tem sentido na pele as medidas de austeridade?
Sim, embora ache que se sente mais ao nível das companhias de teatro do que propriamente na televisão. Mas sim, toda a gente sente e sabe que é difícil vender um espetáculo hoje. Agora estou a fazer uma tournée com um espetáculo que fiz no Teatro Nacional D. Maria II, Lágrimas Amargas, e sente-se muito isso. As pessoas querem trazer teatro às suas cidades mas não têm como.


Face estas dificuldades, conhece atores que começam a pensar em desistir da carreira?
Acho que temos uma característica em comum: ninguém desiste. Fazemos isto por amor à camisola mais do que por dinheiro. E no teatro as pessoas estão habituadas a fazer muito com pouco, o que estimula a criatividade. Não é bom, é difícil, mas acho que ninguém vai desistir.


E a Inês já pensou desistir?
Nunca! Quero ser atriz até morrer.


O que a aflige mais enquanto atriz?
Que não haja uma preocupação que a cultura exista no nosso País. Aflige-me a efemeridade da profissão porque vão existir alturas em que não vamos ter trabalho. Isso faz que a nossa vida tenha de ser pensada em avanço. Não fazemos parte dos quadros de uma empresa, não sabemos se nos próximos anos vamos continuar com o mesmo ordenado ou a trabalhar. Mas já me habituei.


A sua mãe, Luísa Castel-Branco, é uma seguidora desta novela?
(A sussurrar) Ela diz que sim, mas acho que ela grava e depois passa à frente (risos). Ela não tem muito tempo para ver televisão.


Mas daquilo que viu, fez alguma crítica?
Ela diz-me que há pessoas que vão ter com ela na rua para falar da Carmen. E isso faz que ela se lembre: "Ah, tenho de ver aquilo que gravei." Mas ela é uma das minhas maiores fãs, como todas as mães.


Tem saudades de a ver no ecrã?
Não (risos). Acho que ela está muito melhor a escrever livros e retirada no seu cantinho. Acho que é mais o seu perfil.

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