Parece fácil, não parece? Pois, mas, acreditem, não é. A revista Notícias TV foi convidada para passar por tudo o que passam os concorrentes de "Splash!", e Ana Filipe Silveira não se fez rogada. Ainda com o coração aos saltos, conta a aventura na primeira pessoa...
"Ah e tal, vou ali e atiro-me dos 10 metros
na boa", ouvi dizer, aqui há dias, um jovem dos seus 13 anos. Pensei de
mim para mim que "dos 10 não sei se serei capaz, mas dos 5 também
eu". Hoje posso dizer que estava enganada: nem dos 10, nem dos 5. O
veredito surgiu ao final de três horas sob o comando de César Peixoto e Miguel
Moreira. Os treinadores de "Splash!
Celebridades" proporcionaram a um grupo de jornalistas o mesmo treino
por que passam os concorrentes do programa da SIC. Agora sim, estou em
condições de afirmar que saltar das pranchas do Jamor não é pera doce.
Várias nódoas negras e o corpo feito em
fanicos. Foi este o resultado da "experiência completa", como lhe
chamou a produtora FremantleMedia.
A experiência completa significa ter ido
até ao ginásio da Faculdade de Motricidade Humana, mesmo ao lado do Complexo
Desportivo do Jamor, para praticar "a seco" o que mais tarde viria a
tentar na água. Ou não, mas em relação a isso já lá vamos.
O aquecimento é essencial. Bem mandada,
comecei por atirar o tronco ora para a esquerda ora para a direita, ora para
baixo ora para cima... e as dores que assaltam quem já raramente faz exercício
físico não perderam tempo. "Olá, viemos para ficar contigo uns dias",
ouvia-as sussurrar ao ouvido. As chatas não mentiram. Não lhes liguei, pensando
que perdoariam quem como eu, na infância e juventude, se dedicou cem por cento
à atividade física. Foi nessa altura que me lembrei que, minutos antes, tinha
assinado um termo de responsabilidade: "Declaro que estou em perfeitas
condições físicas e que não sofro de nenhuma doença, enfermidade ou impedimento
que inviabilize a minha participação nos treinos de Splash! Celebridades."
O leitor pode imaginar o efeito que estas
palavras têm nestes momentos. "Estou? E se não estiver? O que pode
acontecer?" Ups!...
Mesmo assim continuei a fazer o pino, a
esticar tendões, a estalar ossos. "É difícil, não é? Deviam fazer isto em
casa todos os dias. Só vos fazia bem!", ria-se o treinador César Peixoto.
O pior começou meia hora depois, quando a cama elástica teimou em não me deixar
controlar o corpo no momento do voo, quando ter de me deixar cair de um metro
de altura para um colchão me pareceu loucura ou quando ter de subir a um
espaldar para me atirar para uma piscina de cubos de esponja (eu sei, foi de
pés, mas mesmo assim assusta!) me fez disparar o coração a um ritmo alucinante.
O treino dos 24 participantes do programa
da SIC é "compactado". Ficam a par em poucas horas e
através de métodos "aldrabados" o que deveriam aprender em meses de
prática. "Não temos outra hipótese, uma vez que só treinam cerca de dez a
doze horas antes do direto de domingo. Por isso, o que eles fazem e o que
vocês, jornalistas, estão hoje a fazer é uma forma de conseguirmos que captem
as noções básicas para poderem saltar para a água sem perigo", alertou
César Peixoto. "Assim sendo, não há tempo a perder. Vamos lá, vamos lá.
Todos ali para o trampolim. Vamos dar cambalhotas como fizemos no colchão, mas
desta vez vão ter um arnês a agarrar-vos. Pode ser que algum de vocês consiga
fazer isto tão bem que depois é só chegar à piscina e fazer um mortal para a
água", desafiou o treinador.
"Quem vai ser a cobaia?" E lá fui
eu. Cambalhota, só mesmo à retaguarda, mas sempre com a ajuda da assistente que
ali estava. Ou seja: de certeza que ninguém me vai pedir para fazer um mortal
[estão a ver o sorriso?].
A hora da verdade...
Piscina. Nervos. Pranchas. Pânico. Calor. O
meu cérebro deve estar a falar comigo mas não o ouço. "Vamos atirar-nos
dos dez metros?", pergunta uma jornalista. "Eu nem dos dez
centímetros", responde outra. Com os fatos de banho vestidos lá nos
abeirámos da piscina.
"Estão a ver aquele repuxo por baixo
das pranchas? Aquilo não é só para fazer efeito. Serve para quem está lá em
cima não ver o fundo da piscina quando olha para baixo", explica o
treinador Miguel Moreira.
"Parecendo que não, sempre ajuda, caso
contrário a nossa mente iria reter o fundo da piscina, que está a cinco metros
da superfície, o que a juntar à distância que vai desta até à prancha poderá
assustar", explicou.
Já disse que tenho vertigens? Pois, não
disse. Mas tenho. Não muitas, é certo, mas algumas. Não se fazem sentir à beira
da piscina, de onde me atirei de pés dando um "saltinho simples" para
a frente, nem do trampolim de um metro. Aqui, saltar de cabeça para a água nem
é complicado e foi aí que fiquei a perceber que o sucesso de um primeiro salto
é de extrema importância para que cresça em nós a confiança e, pelo menos,
voltarmos a repetir. No caso, as repetições não são muitas. Sem tempo a perder,
César Peixoto e Miguel Moreira fazem o que melhor sabem: aliciar à prancha
seguinte. Primeiro de pés, para que se entenda a duração do voo, depois de
cabeça.
O piso à volta da piscina é escorregadio.
As escadas em caracol, brancas, não lhe ficam atrás e quem as sobe sabe que dão
acesso ao precipício. Próxima paragem: três metros. "Não parece, mas as
pranchas também oscilam para ajudar a dar o impulso na saída", diz um dos
treinadores, ao mesmo tempo que dá pulos e abana aquele comprido e estreito
chão. Como prometido, o primeiro salto é de pés. "Em posição e força...
Isto não custa nada", continua. Ahhhhhh... Saltei. A sensação de cumprir
um objetivo - por esta altura os três metros são o objetivo; as pranchas mais
altas passaram a ser apenas um desejo - enche-nos de orgulho de nós mesmos...
assim como parte da água da piscina nos enche as narinas e os ouvidos.
Alguns dos concorrentes que participaram na
última eliminatória de "Splash! Celebridades", apresentado por Júlia Pinheiro e Rui Unas, já
chegaram ao Jamor para mais um treino. Sentam-se nas cadeiras reservadas aos
jornalistas que assistem ao programa no local. E sorriem. Com os ouvido a zumbir da água que não quer sair e
o sabor a cloro no palato, aceito mais um desafio: saltar novamente da prancha
de três metros, desta vez de cabeça. Tal como fiz no trampolim de um metro e
sempre com a ajuda de um treinador, coloco o corpo em posição e... hesito.
Tomar a decisão de saltar não é fácil. "Isto deve ser da idade! Se eu
tivesse 13 anos, como o rapaz do outro dia, até dos dez metros me
atirava", penso. Inclino e corpo e deixo-o cair.
Dizem que é suposto contrair a barriga e as
nádegas, manter as pernas e os braços esticados e a cabeça no meio destas. A
minha única certeza é que os olhos estavam fechados. Tudo o resto é para
coordenar em simultâneo.
Devem ter sido uns três segundos de queda,
mas pareceu-me bastante mais. Eu sei, eu sei, muitas das celebridades de "Splash!" saltaram
de 5, de 7,5 e de 10 metros. Eu pisei a prancha de 5. E voltei para
trás. As vertigens são traiçoeiras, mas eu não vou participar em nenhum
concurso. "Estou só a fazer a experiência", digo para mim. E é tão
surpreendente a quantidade de pensamentos que a nossa mente produz em apenas
três segundos...
Fonte: Noticias TV
0 comentários:
Enviar um comentário