Custódia Gallego sobre TV, a homossexualidade e a morte

sexta-feira, 8 de março de 2013


Trocou o curso de Medicina pela paixão de representar e até hoje não se arrependeu. A atriz que dá vida a Áurea de 'Dancin' Days' acredita que a ficção está em boas mãos e considera que há muitos jovens deslumbrados com a profissão. Defende uma tabela para os cachês, para salvaguardar os atores, e um maior incentivo ao consumo de cultura. Não acredita em Deus, mas tem fé no ser humano e na entreajuda.

Em Dancin' Days interpreta Áurea, uma mulher que sofre da doença bipolar. Este papel representa um desafio especial dada a densidade da sua personagem?
Representa mais um desafio, o último é sempre aquele em que invisto mais, não tenho nostalgia nenhuma em relação aos que já fiz anteriormente. Sabia que ela iria ser diagnosticada com a doença bipolar e fiz investigação nesse sentido, mas a minha questão ao princípio foi escolher que comportamento dar-lhe.
Que tipo de investigação é que fez? Falou com médicos, ouviu testemunhos, recorreu à Internet?
Falei com psiquiatras, também fui à Internet, mas o meu trabalho é no sentido inverso. Primeiro construo a minha personagem em termos de personalidade. Há muitos tipos de bipolaridade, a Áurea podia ser de 300 mil maneiras. Eu escolhi a minha e depois introduzi as características da doença, a maquilhagem e o guarda-roupa.
Quando compôs esta personagem teve medo de cair no exagero, de não conseguir interpretar bem esta doença?
O medo é sempre o mesmo. Tem de ser verdade, senão não faz sentido e as pessoas não acreditam. Não é aquilo que as pessoas costumam dizer: "Ah, vocês, atores, fingem muito bem." Se alguma vez me disserem isso, é sinal de tenho de ir estudar outra vez [risos]. O objetivo é aquilo que tem acontecido, que é as pessoas pararem-me na rua e contarem-me as suas histórias por acharem que são parecidas com as da Áurea.
Tornou-se então uma espécie de confidente dos espectadores. É este também o papel de uma novela, o de informar?
A minha expectativa é que sim. Sei perfeitamente, e não sou contra, que há produtos que são puro entretenimento, há outros que são mais informativos. Este é entretenimento, mas se for possível dar informação através de um veículo que é fácil, despertar a curiosidade de saber o que se passa com esta doença, melhor. E mostrar também que as famílias destas pessoas podem ter apoio, podem ser acompanhadas porque sofrem bastante e são, no fundo, a periferia da doença.
Já conhecia bem esta doença ou este papel fê-la conhecer melhor?
Já conhecia porque tenho algumas referências e tenho muita gente à minha volta ligada à medicina. Mas a minha pesquisa foi pelas dúvidas. À medida que ia estudando as cenas, ia tirando dúvidas.
É difícil lidar com uma personagem com uma carga dramática tão intensa?
É o melhor que há. Nem sei como hei de dizer isto às pessoas mais novas. A memória não é uma coisa fixa. Não é como nos computadores. Vai-se modificando conforme a nossa personalidade também se vai modificando. Eu quando era nova queixava-me quando as coisas eram difíceis, mas agora a verdade é que quanto mais difícil é o desafio, melhor eu fico por duas razões: se é difícil é porque me deram a importância suficiente para me darem uma coisa difícil e mais hipóteses tenho de fazer uma coisa minha, de criar. E cada vez que tenho alguém ao pé de mim a queixar-se que é difícil eu digo: "Eh pá cala-te, dá graças à tua sorte por teres isto para fazer". É obvio que também fico com mais medo, porque há mais hipóteses de errar, mas é isso que me estimula.
Num dos episódios protagonizou uma cena de seminudez quando a sua personagem despiu-se num ginásio. Como é que lida com essa exposição?
Curiosamente no meu primeiro trabalho em teatro estava completamente nua. Já tive esse desafio da exposição muitas vezes. No cinema e no teatro estamos um pouco mais protegidas pelo décor, pela cena e pela própria personagem. Em televisão é diferente, penso como vai ser, em quem vai lá estar, etc.
Além da novela, também integra o elenco fixo do programa Vale Tudo. Tem sido uma experiência divertida?
Tem corrido muito bem. Acho estranho porque às vezes dizem-me que não mostro estar muito divertida no programa, mas isso é porque temos momentos de pausa em que estamos mais relaxados. Mas tem sido extraordinário, é como jogar em família, sem competição.
E tem levado muitas nódoas negras para casa?
Não [risos]. Há técnicas para cair. Quando percebo que estou na iminência de cair o melhor é relaxar para não ficar muito negra.
Em algum momento se arrependeu de ter aceitado participar neste programa?
Tenho por princípio não arrepender-me de nada. Se fiz uma opção tenho de a levar até ao fim. Não me lembro, aliás, de me ter arrependido de alguma coisa a nível profissional.
Novelas evitam beijos homossexuais para "não chocar"
A homossexualidade é outro dos pratos fortes desta novela, através de Aníbal, seu marido, personagem interpretada por Vítor Norte. E foge aquele estereótipo do jovem efeminado e com tiques.
Falei também com o mesmo grupo de psiquiatras sobre esse assunto. Achava que a aceitação da diferença agora era maior, e o que essas pessoas da saúde me disseram é que não. A sociedade em geral está mais tolerante, mas não é verdade que aceita melhor. Mas estou em crer que aceitamos melhor a diferença até porque queremos ser mais modernos, mais abertos, portanto obrigamo-nos eventualmente a ser assim.
Mas na sua opinião, houve então uma mudança de mentalidades...
Há muitos anos, a homossexualidade era encarada por algumas áreas da saúde como uma doença que era possível tratar. Mas hoje sabemos que nem sequer é uma opção sexual como se dizia antes. Uma pessoa já nasce homossexual ou heterossexual. Mas hoje acho que as pessoas já têm mais informação e então lidarão de forma diferente. Acho que é mais normal que um Aníbal com 50 anos tenha tentado ter uma família e ser normal para ser aceite na sociedade, tendo de lutar contra a sua necessidade de prazer do que um rapaz nos dias de hoje que descobre a sua sexualidade na adolescência e que percebe que o seu prazer não é com o género diferente, é com o mesmo.
Na novela Podia Acabar o Mundo também viveu esta temática, mas de outra forma. A sua personagem era mãe de uma jovem (Ana Guiomar) que namorava com outra mulher (Diana Chaves). Nessa novela houve um beijo homossexual protagonizado por essas duas atrizes. Uma prática que ainda não é muito comum na ficção...
Há medo, medo de chocar. A televisão procura dar a verdade, mas sem desagradar. O objetivo de um canal é agradar as pessoas. Ponto. E acho muito bem porque senão deixam de ser empresas para serem subsidiárias do Estado. E portanto não arriscam tanto.
Mas concorda que um beijo entre duas mulheres é ainda assim mais tolerável do que o beijo entre dois homens...
Mas isso é estúpido. Não sei ao certo que cenas é que o Aníbal e o Germano tiveram, mas de qualquer maneira, os homens são menos histriónicos do que as mulheres. Na nossa sociedade as mulheres tocam-se, sempre se tocaram, os homens não.
E enquanto profissional da televisão, gostava que um beijo homossexual passasse a ser visto com mais frequência na TV?
Temos de deixar que as pessoas aceitem as coisas de forma natural, sem forçar.
"Há muitos jovens atores deslumbrados com esta profissão"
Em Laços de Sangue deu vida à divertida Gi que também foi um papel muito marcante. Ainda assim, teve facilidade em demarcar-se deste papel...
É verdade. Foi um trabalho que teve muito sucesso, gostei muito de o fazer. São personagens de comédia, logo são muito mais bem aceites. E em Dancin' Days ia fazer uma personagem mais complexa e tinha medo que as pessoas não gostassem tanto da Custódia a fazer aquilo, mas saiu-me bem, as pessoas gostaram.
Sente que já conquistou um lugar no coração dos espectadores?
Sem ofender o coração dos espectadores, esse gostar é uma coisa muito efémera. No fundo no fundo, ninguém conhece ninguém como nós conhecemos os nossos amigos. O público conhece-me como profissional, recebe os meus produtos e eu gosto de ouvir as pessoas dizerem-me que as faço rir, que passam um bom momento a ver-me. É sinal que estou a cumprir a minha função. Se calhar, numa sociedade pobre eu não fazia falta nenhuma...
Ou se calhar ainda fazia mais...
Talvez, para tapar os "buracos".
Em Dancin' Days contracena com vários atores jovens. Na sua opinião a ficção nacional está entregue em boas mãos?
Acho que sim. O talento, o jeito ou a vontade de ser ator tem como todas as profissões uma necessidade de aprendizagem constante. Tem de haver técnica para, por exemplo, ter uma cena em que eu estou muito feliz e de repente [treme a voz] começo a chorar. Quando eu comecei, eram os modelos que nos faziam uma certa sombra porque eram mais giros e mais altos. Agora sinto que muitos atores não têm a noção que têm de aprender. Essa parte da formação é que eu não sei se eles aceitam como verdade irredutível. É preciso aprender a saber fazer, não basta ter jeito.
Sente que muitos desses atores estão deslumbrados com uma ideia cor de rosa da profissão que não é assim tão verdade?
Sim. Conheço vários atores que fizeram uma novela e depois ficam em casa a queixarem-se que ninguém os chama. E eu digo: "Olha lá. Mas como é que tu queres que nesta profissão saibam que tu existes?" Enquanto estiveram a fazer um trabalho deram entrevistas para tudo o que era sítio, se forem giras então fazem produções para aqui e para ali e oferecem-lhes roupa. Não vai ser sempre assim. Vai ser assim só enquanto estiverem no ar, depois esquecem, é como se não existissem.
Falou-me das atrizes giras que fazem produções para as revistas. Hoje em dia esse é um trunfo indispensável para vingar na TV?
Acho que é inevitável. Nos homens e nas mulheres. Num pequeno ou num grande ecrã, antes de falarmos, já nos estão a ver, é evidente que se forem bonitos é melhor. É mais agradável para quem está a ver. O problema é se quando abrirem a boca não sair nada de jeito.
Então quem não é bonito está condenado à partida?
Não, quem não é bonito tem de lutar por outras coisas, outras faculdades que tenham mais desenvolvidas. Se sou boa a desenhar por que é que tenho de provar que sou boa em fotografia? Se sou boa a maquilhar por que raio tenho de me meter na cenografia?
Se fosse diretora de programas de um canal, o que é que mudava?
Não fazia formatos em que nos divertíssemos com a estupidez dos outros, com a burrice, com a má formação. Acho que isso é quase medieval. Está ao nível dos gladiadores. Acho que isso não é necessário, só nos faz mais pequeninos. A culpa de eles continuarem grunhos provavelmente vai ser nossa porque eles vão achar que são o máximo. E acho que não conseguia dormir contente se fosse o produtor de um programa desses.
"Os atores sempre estiveram em crise"
O seu contrato de exclusividade com a SIC terminou. Ficou triste?
Mas isso é bom. Claro que é muito confortável ter um contrato. Mas os contratos de exclusividade só tiveram razão de ser porque o ator não tem trabalho sempre e isso garantia X ao fim do mês. Mas se os atores tivessem possibilidade de trabalhar todos os meses do ano não havia necessidade de haver exclusividade.
Prefere então ter a liberdade de poder escolher os projetos?
O ideal é ter liberdade artística, mas também era haver muita coisa para escolher, o que não é o caso. Só uma vez é que tive de escolher que novela queria fazer. De resto, não.
Há um grande pessimismo em torno do futuro da nossa economia. Tem medo do impacto que isso possa vir a ter na sua área de trabalho?
A minha tendência seria dizer que os atores estiveram sempre em crise. O trabalho nunca foi fácil, nunca houve sempre trabalho. A cultura não é uma coisa neste país que se estimule na formação das pessoas em terem necessidade de consumir cultura como têm necessidade de consumir roupa. É uma pescadinha de rabo na boca. Se não se formam pessoas para terem necessidade de consumir cultura, o ministério da cultura também não tem necessidade de patrocinar a cultura porque sabe que não vai ser consumida. É dinheiro a fundo perdido.
Mas nota uma diferença entre o teatro e a televisão, ou a crise também já chegou ao pequeno ecrã?
As companhias de teatro estão muito paradas porque não sabem que dinheiro vão ter para o ano. Aquilo que tinham programado provavelmente vai ter de ser adaptado para menos. Em televisão, se calhar, quando mais pobre um povo é, mais necessidade de alienação tem. A TV é uma coisa que se consome sem escolha, não é preciso sair, não é preciso tomar decisões. Para ir ao teatro e ao museu, é preciso programar e pensar sobre isso. A industria da televisão a meu ver não sentirá tanto.
Acha que o governo olha para a cultura como uma espécie de filho bastardo?
Não olha, nem sequer tem filhos bastardos. Para dar uma formação artística aos meus filhos tive de pagar por fora. A educação dos cidadãos não estimula o consumo de cultura.
Os atores têm lutado suficientemente pelos seus direitos ou podem fazer mais?
Esse é um velho conflito... [pausa]. Não sei como é nos outros países, mas acho que, mesmo que houvesse um sindicato, isso não seria suficiente. Devia haver uma tabela de cachês e essa tabela ser cumprida.
É uma classe desunida?
Nesse sentido sim, mas é por defesa. Quando entro num trabalho e como não tenho agente sempre fui eu a discutir os meus cachês. Para saber se estou a fazer asneiras ou não tenho de perguntar aos meus colegas e é com dificuldade que obtenho respostas. Só quem tem muita confiança em mim é que diz quanto vai ganhar. Porquê? Que explicação é que há para isto senão aquela coisa católica: "Se eu disse que estou a ganhar mil o outro também vai querer e depois não me vão pagar". Só pode ser isto. É uma questão de cultura de sobrevivência que foi sendo desenvolvida no mau sentido.
Trocou a medicina pela carreira de atriz, mas não se arrepende
Entrou para o curso de medicina, mas desistiu a meio em nome da paixão pela representação. Arrepende-se de ter trocado uma profissão mais segura por outra em que não se sabe bem o dia de amanhã?
Não. Sentia-me mais gratificada e divertia-me mais sendo atriz. A exposição e a busca de comportamentos dentro de mim era uma coisa muito agradável e se eu podia fazer profissão disso, uau. Nunca deixei de ter contacto com essa grande ciência humana que é a medicina. Tudo o que conheça sobre o homem é bom porque diversifico mais as minhas personagens, faço-as mais especiais, mais diferentes.
E se tivesse sido médica, em que área estaria a trabalhar neste momento?
Não sei. Fiz até ao terceiro ano, até metade. Conheci muita gente que já ia para medicina sabendo a especialidade que queria tirar, não era o meu caso. Gostei muito de imunologia, depois passei pela embriologia e pensei que podia ser uma hipótese, mas não cheguei a decidir nada.
E como é que um pai e uma mãe reagem quando uma filha diz que quer desistir do curso de medicina, que é tido como um ideal, para ser atriz?
Pois... é que ainda por cima fui para medicina porque quis. Mas claro que não apoiaram a minha decisão. Fiz o conservatório às escondidas exatamente por defesa. Sabia que, se os meus pais soubessem que fazia teatro, iam chatear-me e perturbar a gestão do tempo que tinha de fazer para estudar as duas coisas. Portanto, omiti.
E quando é que abriu o jogo?
Quando comecei a poder trabalhar no teatro e a ter de sair muitas vezes à noite, já não podia mentir e dizer que ia estudar na casa de alguém. Claro que a reação não foi boa, disseram que não tinha sido uma boa opção. E depois há todo aquele preconceito de que os atores são tudo uma cambada de gente com vidas muito pouco próprias. Mas eu acabei por constituir família e isso ajudou a que aceitassem.
E depois do choque inicial, acompanharam o seu trabalho de atriz?
Durante muito tempo, eles não tiveram interesse em ver os meus trabalhos e eu também não tinha vontade que eles viessem ver. Acho que a primeira vez que os convidei foi usando o meu filho mais velho, dizendo à minha mãe: "Vem com ele ver o Gil Vicente porque assim ele não tem de ir não sei para onde". E foi assim que os levei a ver o Auto da Barca do Inferno no Mosteiro dos Jerónimos.
Acha que é preciso uma certa dose de loucura para ser-se ator?
[pausa] O que significa loucura? É uma profissão de risco, mas é uma profissão de risco com a consciência do risco e não como os loucos têm consciência da sua loucura. Portanto os loucos são mais felizes do que os atores [risos] que também têm a sua dose de loucura porque gostam de arriscar e fazem disso profissão.
"Tenho medo da solidão, de ficar sozinha"
Nasceu em Beja. Que recordações guarda dessa cidade?
Vivi lá muito pouco tempo porque o meu pai estava sempre a ser transferido. A seguir viemos para Lisboa, depois voltei para Beja, e depois fui para Portalegre e, aí sim, vivi algum tempo, dos 10 aos 17 anos. Essas cidades de província são mais antros e guetos sociais. Ser diferente numa província é muito mais duro.
E regressa com frequência a essas cidades que marcaram a sua infância?
Não. Beja só vou para fazer teatro e Portalegre só deixei lá uma amiga e nós contactamos por telefone. Só vou mesmo quando tenho de ir.
Não é, então, uma mulher saudosista?
Não. Onde vou muitas vezes é à terra da minha avó materna onde passei muitos verões que é Oliva de la Frontera (Espanha). Daí tenho nostalgia, fui muito feliz, mas aquela casa já está vazia há muito tempo. Os meus pais já pensaram vendê-la, mas ainda não se vendeu precisamente por causa dessa nostalgia. Quero manter a casa, mas depois também é dinheiro que se gasta para mantê-la e não temos uma vida tão folgada para ter uma casa de férias.
Essa casa que me fala representa as memórias da sua infância, a liberdade?
Na minha altura Portugal para os adolescentes era muito mais castrador do que Espanha. E poder passar os meus três meses de férias naquela casa em que podia sair das sete da noite à meia-noite naturalmente era muito mais feliz do que se ficasse em Portalegre a pedir: "Ó mãe, deixa-me sair".
Em criança já era assim extrovertida, ou era daquelas meninas que se escondia atrás das saias da mãe?
Não, sempre fui histriónica. Fazia muitas palhaças, fazia muitas graças.
Lembra-se do seu primeiro ordenado?
A primeira vez que recebi dinheiro estava no segundo ano do conservatório e ganhei umas ninharias por fazer figuração especial no Teatro Nacional. E foi aí que comecei a pensar se calhar podia viver disto.
Por viver de uma profissão que implica uma grande exposição, tem cuidados acrescidos com o seu aspeto físico?
Sempre tive cuidado com as minhas capacidades físicas, que também têm a ver com o aspeto. Quero continuar a poder subir umas escadas e não ficar incapacitada. Ao nível de ter rugas, por enquanto ainda não. Não tenho vontade de fazer personagens que sejam mais novas do que eu [bate com a mão na mesa].
Mas não descarta, então, a hipótese de vir a fazer uma plástica?
Pois não sei. Por enquanto não tenho vontade, não sinto necessidade. Daqui a dez anos quero trabalhar porque tenho capacidade e se cada vez que produzirem uma novela ou um filme não houver mulheres de 60 anos, aí digo assim: "Se calhar é melhor transformar-me outra vez numa mulher de 50 anos". Mas espero que não, porque em televisão todas as classes etárias são necessárias para fazer jus à sociedade.
Acha que essas faixas etárias estão bem representadas na TV?
Não. Voltando à questão da imagem, se calhar é mais agradável e estimulante para o público ver pessoas bonitas na televisão do que feias, não sei.
Tem medo de envelhecer, da solidão?
Da solidão tenho. Não gosto muito de estar sozinha. Tenho aqueles períodos em que gosto e tenho essa necessidade, mas sempre que penso em mim a ter prazer é com outras pessoas.
E a morte assusta-a?
Tenho medo de morrer. Tenho medo de deixar de existir. Quero ter muitos dias, quando acabar acaba, mas quem é que quer acabar?
É uma mulher de fé?
Não. Acredito no homem, no humano. Acredito que se nós nos enchermos de vontade e se acreditarmos conseguimos o que queremos. Acredito muito no trabalho de equipa, de grupo, e não é só na profissão, é na vivência. Eu moro num bairro há doze anos e acho que tenho vindo a de-senvolver uma relação com a comunidade através de pequeninas coisas. Vou sempre à mesma farmácia, ao talho, à padaria. Eu sei que são meus vizinhos e que precisamos uns dos outros.

Notícias TV (DN)

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