Tem desde setembro um programa de consultas nas manhãs da SIC em que as pessoas ligam para si por linhas de valor acrescentado. Tem noção de quanto dinheiro já deu a ganhar à SIC? [pausa] Nenhuma, nenhuma. Tenho noção do que eles me pagam, mas não tenho comissão nos telefonemas.
Mas percebe que a SIC, quando decidiu avançar para um programa daqueles, foi a pensar mais no dinheiro que podia ganhar do que nas audiências que podia fazer... Não penso que tenha sido essa a razão. Ninguém sabia, na altura em que o programa foi para o ar, o que aquilo ia dar. Nem eu.
Mas tinha o exemplo de Espanha, por exemplo...
O programa não é bem igual, e penso que em Espanha é emitido à noite. Este programa foi criado para mim, inspirado em formatos espanhóis e penso que franceses. Perguntaram-me se queria fazer e disse logo que sim. Nem me preocupei com mais nada. Aliás, trabalhei o primeiro mês sem saber quanto me iam pagar. Não fizemos essa conta. A Júlia Pinheiro dizia-me que podia não ser um programa muito bom, mas que as minhas capacidades de comunicadora chegariam para manter o programa.
E seis meses depois, o que acha? É um programa muito bom? É um programa que gosto de fazer, não dou pelo tempo passar. Estou completamente envolvida no programa, gosto das conversas que tenho com as pessoas com quem converso. Acho que toda a gente está contente com o programa.
A SIC está, seguramente. São muitas chamadas de valor acrescentado durante a emissão, e isso é assumidamente uma boa fonte de receita.
Tenho noção de que o programa se paga a ele próprio. Ao contrário do que as pessoas julgam, aquele programa tem uma grande equipa. Temos uma equipa de reportagem que corre o País e todos os dias se desloca, tem de dormir fora. Temos uma equipa de montagem e uma equipa de produção. O programa envolverá uma equipa de 20 pessoas. Não sou só eu e o telefone. Não sei os custos do programa, mas penso que não será assim tão barato. Mas acredito que não seja um custo para a SIC. Aliás, tenho pena que no contrato que fiz não tenha negociado uma percentagenzinha por cada telefonemas [risos].
A SIC paga-lhe bem? Não. Não me paga bem comparativamente com outras figuras da estação, mas paga-me mais do que qualquer outro trabalhador normal recebe. Posso dar-me ao luxo de dizer que ganho mais do que ganhava quando era professora. Isso é verdade.
Mas não ganha na SIC aquilo que acha que merecia? Acho que merecia ganhar mais, sem dúvida alguma. Mas não me queixo, estou apenas a responder à sua questão. Porque depois tem outras vantagens. O facto de estar em televisão também me dá outras regalias. Vou lançar agora um livro, tenho mais trabalho porque sou conhecida. Enfim, tem outras vantagens.
Sente-se uma figura da SIC? Sempre, sempre. Não uma estrela, mas uma figura da SIC sempre me senti. Também sempre estive na SIC, nunca estive noutro canal. É curioso. Uma mulher que muda tanto, que tem tanta necessidade de mudar, que consegue canalizar as emoções de modo racional na hora da mudança e que profissionalmente continua fiel à SIC.
Mas já sentiu vontade de mudar... Já, já senti. Se bem se lembra, tive para ir para a RTP. Aliás, sou eu que derrubo o Emídio Rangel. Na altura, o Emídio convidou-me para fazer uma coisa chamada Vencedores, comuniquei à SIC que ia sair. Fi-lo com a maior lealdade, nunca fiz nada nas costas. O Emídio Rangel gosta de mim e ficou acordado que eu iria fazer aquele programa das duas às três da tarde. Mas o Dr. Nuno Morais Sarmento, que era ministro da tutela na altura, não aprovou a minha contratação e achou até muito mal que uma astróloga fosse apresentar um programa, esquecendo-se de que tenho um currículo e formação académica que me habilitam a isso.
Fonte: Noticias TV